terça-feira, 28 de agosto de 2012

Responsabilidade




                           A língua portuguesa é, no meu conceito, uma das mais bonitas de todos os idiomas falados no mundo. Quer pela riqueza de seu vocabulário, quer pela complexidade de sua sintaxe, ou até mesmo pelos mais diversos e variados sotaques que a ela se agregam dependendo da região em que se vive. Veja o caso da palavra RESPONSABILIDADE. Ela é simples, bonita, fácil de pronunciar, mas, como é pesada.
                           
Isto mesmo, uma palavra pesada. Tão pesada que poucas são as pessoas que se atrevem a utiliza-la, ou melhor, respeita-la. Se todos nos em determinados momentos fizéssemos a opção em sermos responsáveis pelos nossos atos e ações, o mundo seria muito melhor. Eu não estou sendo responsável quando vejo as coisas erradas acontecerem e não faço nada para mudá-la. Eu não estou tendo responsabilidade quando na função pública, uso de trambiques para furar a fila, para beneficiar este ou aquele em nome de uma sigla. Eu não estou sendo responsável quando, autoridade ou não, faço vistas grossas a prostituição descarada, ao desfile de viciados e travestis que estão infestando o centro da cidade, ou ainda com a existência de um bordel bem próximo a um dos mais conceituados estabelecimento de ensino de Sapucaia. 
                            

Da mesma forma estão sendo irresponsáveis os gestores das verbas públicas, leiam-se políticos, que inventam motivos para gastar o dinheiro público em viagens, diárias, cursos fantasmas, em cabide político para familiares. Está faltando responsabilidade, quando as autoridades responsáveis enganam a população com noticias maquiadas, com obras desnecessárias ou apresentando índices mentirosos. Está excluída a palavra responsabilidade do vocabulário daqueles homens adultos, chefes de família aos quais recai o peso de um cargo político e mesmo assim se dedicam diuturnamente a fazer intrigas políticas sabe-se lá por qual motivo. Se tivessem conhecimento desta palavra tão simples e de tanto efeito, algumas pessoas não se apropriariam de tantas terras, e pensariam mais nos milhares de desgraçados que sobrevivem as margens de rodovias, a beira de arroios, dentro de banhados sobrevivendo de restos, comendo lixo. 
                            

Por que será que esta palavra só é usada pelo povo simples que paga impostos, que trabalha honestamente de sol a sol, que sobrevive com migalhas de salário, migalhas de comida, migalhas de saúde. Falta responsabilidade, ao órgão público que prioriza o atendimento de acordo com o padrinho político, que oferece a vaga muitas vezes a quem não precisa em detrimento daquele que humildemente acredita estar ali a sobrevivência de sua família. Talvez seja pelo peso que esta palavra tenha que muita gente prefira ignora-la, fazer de conta que não exista, alias existe, mas, só para os outros. Assim fica mais fácil manter meu status, minhas benesses, meus trambiques. E o mundo vai rodando, os vivaldinos enriquecendo, a justiça que se acredita cega, não consegue nem ao menos se apoiar em sua bengala, tal a demanda de cafagestices que chegam ao seu conhecimento. A gente vê as coisas acontecerem, denuncia, mostra, aponta quem são os culpados, identifica possíveis soluções, e cai tudo no esquecimento.  
                            

Criam-se leis, estatutos, taxas, impostos, um exercito de picaretas que cobram, exigem, extorquem, humilham, agridem e a gente não pode fazer nada. Você tem a responsabilidade de sobreviver com o fruto do seu trabalho, enquanto para outros a irresponsabilidade é principal ferramenta de trabalho, e a palavra mais usada no dia a dia.

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