A morte, na noite de Natal, da menina Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos por bala perdida,(RJ) justamente quando brincava com a boneca que acabara de receber como presente, nos incita de imediato a algumas reflexões quanto aos tiroteios em vias públicas, envolvendo policiais e bandidos. Também merece capítulo a parte a ausência do neurocirurgião no plantão o que causou uma demora de mais de oito horas no atendimento a vítima. Tenho para mim que este termo “bala perdida” soa mais como uma triste e vergonhosa desculpa para erros, ou assassinatos do que propriamente a expressão do que realmente aconteceu. Não existem “balas perdidas” existem sim, balas que acertam alvos errados, e conforme a notícia, pior ainda quando estes alvos atingidos são inocentes que nada tem a ver com o fato.
Ora, ao perseguir criminosos, as polícias tem o dever de em primeiro lugar verificar as condições para disparar, o simples fato de estarem em serviço, perseguindo fugitivos ou criminosos e se estes não estiverem pondo em risco nenhuma vida humana,não lhes dá o direito de disparar a esmo na tentativa de atingir o fugitivo. Nunca esquecendo que o bandido é o bandido e o policial para todos os efeitos, e ate prova em contrário é o mocinho. Se existe perseguições em vias públicas, muito mais delicada se faz a operação, principalmente o disparo de armas de fogo, ou se tem a certeza de atingir o alvo ou então não se dispare. Pior do que um bandido ter fugido ou trocado tiros com a polícia é o fugitivo ter-se evadido e uma criança ficar estirada na calçada com uma bala não perdida, mas acertada na cabeça. Vítima estirada, vem o socorro, leva-se para o hospital mais próximo, e a angústia dos pais se transforma em desespero, eis que enquanto uma vida agoniza, o médico escalado para o plantão resolve fazer sua greve particular em protesto pelas condições de serviço e simplesmente não aparece para dar atendimento.
O pior de tudo é que casos como o da pequena Adrielly são frequentes, e comuns nos pronto socorros, estes “médicos de araque” existem aos montes, costumo dizer que alguns destes profissionais não fizeram o juramento de Hipócrates ,mas, sim um juramento hipócrita. A cada dia fica mais difícil encontrar um profissional da saúde que ainda cultue o amor pela vida do seu paciente, tudo é proporcional ao valor cobrado na consulta. Foi-se o tempo em que salvar uma vida era questão de honra para o profissional, para ele vencer a doença, e sagrar-se vitorioso sobre a morte era questão pessoal, o dinheiro ficava para depois. Hoje a coisa é diferente, primeiro o valor da consulta, o bom convênio depois vamos a consulta. Não quero muito menos tenho o direito de generalizar, mas o número de picaretas é muito grande, sim senhores. Safam-se impunes os responsáveis pelo disparo, uma família paga tributo pelo vergonhoso estado geral de insegurança pública.
Pode até parecer absurdo, mas, quanto mais a ciência avança na preservação da vida, menos importante ela se torna para alguns profissionais da área. Acima de tudo o dinheiro.
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