A madrugada deste domingo 27 de janeiro tinha tudo para ser uma comemoração a vida. Milhares de jovens, embalados pela música de conjuntos musicais, faziam aquilo que normalmente é um acontecimento tipicamente de jovens. Estudantes universitários, alegres reuniram-se num local onde supostamente achava ser seguro. Mas, quis o destino( seria o destino mesmo?)que aquilo que era para ser uma festa, se transformasse num piscar de olhos naquilo que se concretizaria como a pior tragédia do nosso estado. Uma boate,cujo alvará, ao que tudo indica estaria vencido, um artefato impróprio para o local, uma comemoração mais agressiva, uma multidão prensada numa armadilha, numa ratoeira fogo correria, pisoteio ,fumaça todos os ingredientes reunidos.
Resultado; muito mortos, até agora contabilizados 232, centenas de feridos, e uma dor infindável para tantas famílias. Diante de um quadro aterrador como este não tem quem não fique comovido. Não tem como esquecer a dor, e a tristeza pela perda tão precoce de tantos jovens. Tantos talentos. Não bastassem aqueles que nos deixam todos os fins de semana nos acidentes nas estradas, na guerra urbana, vítimas de assaltos, pelo uso indiscriminado de drogas. É, sem dúvida alguma um duro golpe. Uma geração que se extermina, alguns vítimas de seus próprios erros, suas próprias escolhas, outros, no entanto com estes estudantes lá da cidade de Santa Maria, em minha opinião vítimas do descaso de algumas de nossas autoridades a quem compete a fiscalização da realização de eventos deste porte.Agora, como sempre acontece, vão aparecer técnicos, engenheiros,autoridades da lei e da ordem apregoando para todos os ventos as falhas, os erros e buscando os verdadeiros culpados.
Minha modesta opinião como profissional da área de segurança no trabalho, é que a culpa, na verdade recai sobre todos nos.Porque? Simples, vejamos. Segundo relatos de pessoas que conseguiram sobreviver ao inferno, muitas das pessoas morreram por inalação da fumaça tóxica provenientes da queima de materiais sintéticos fabricados com plástico, espumas de borracha etc. Outros tantos cadáveres foram encontrados nos banheiros, pois no desespero acreditava estarem se dirigindo para a porta de saída, e outros ainda vítima das pisadas no atropelo. Consta ainda, a ação de seguranças que não cientes da gr5avidade do fato teriam evitado a saída das pessoas sem que pagassem o “comanda”. Não posso nem devo fazer pré julgamento de algo que ainda está na fase de atendimento as vítimas.Mas,lembram que falei que nós também tínhamos culpa por este episódio? Sobre isto posso sim falar.
Em qualquer espetáculo desta natureza, independentemente do número de pessoas esperado, existem regras,normas que devem ser observadas.Lembrem, banheiros com janelas gradeadas(para evitar fugas sem pagamento)uma única porta servindo de entrada e saída, sinalização inadequada para orientar o público em caso de emergências. Tudo isto deveria ter sido alvo de fiscalização. O alvará estaria, segundo testemunhas,vencido, ou seja, se não havia alvará, não poderia estar em funcionamento, isto é lógico. Mas somos o país do “jeitinho brasileiro” aqui não existe o que uma boa gorjeta não alivie. Vejam bem, não estou acusando ninguém, apenas dizendo aquilo que todo mundo já sabe. Já sabemos, mas, não fazemos nada para evitar. Infelizmente é assim que funcionam as coisas neste país. Existem leis,regulamento,estatutos, porém, isto é para os bobos, os que não gostam ou não apoiam o famoso jeitinho de resolver as coisas. Com toda a certeza a partir de agora se abrem as portas para os entendidos, vão aparecer editoriais, em todos os grandes jornais, mas, infelizmente só agora, depois de sabe-se lá, quantos mortos.
Resta-nos rezar,.chorar pelas perdas,mas, muito mais do que isto a cada um de nós como críticos de falas vazias confessar a nossa parcela de culpa.Os acidentes acontecem, onde a prevenção falha.
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