Hoje, me bateu um sentimento muito forte, uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo, não sei se saudade, ou melancolia tudo por conta de uma pequena nota no jornal Vale dos Sinos desta quinta feira. No caso, uma convocação do Senergisul, sindicato dos eletricitários para reunião e Assembléia Geral, onde apenas dois itens compõem a pauta. A primeira a análise da contraproposta da empresa e a segunda definição dos rumos a serem tomados pela categoria. Este chão eu conheço, esta luta já foi minha, esta agonia já passei. Como num turbilhão surgiram milhares de imagens, o Fiat uno do sindicato cortando as ruas de São Leopoldo com o som estridente convocando para a assembléia, as paradinhas em frente aos portões da GR. O pessoal largando tudo para receber os boletins, os prós, os contras as cobranças.Depois as casa cheia, nosso auditório lotado, colegas se amontoando até pelo corredor. A análise das pautas, os nossos remendos, as nossas exigências os nossos gritos de guerra, a sugestões absurdas, e finalmente as decisões respeitando sempre a vontade da categoria. Depois as caravanas, do interior apresentando suas deliberações na grande assembléia em Porto Alegre. Porém, o meu sentimento não fica apenas por conta de tantas boas lembranças, o que sinto é um misto de angústia e incertezas quanto aos resultados destas assembléias, não só do Senergisul , mas, via de regra de todo o movimento sindical no país. Antigamente íamos para as assembléias com espírito voltado à busca de novas conquistas, novos rumos, alterávamos nossas pautas com exigências que variavam de acordo com as necessidades do todo. Que sentimento maravilhoso chegar às assembléias da capital com o livro de presenças carregado, 200, 300 e houve reuniões que conseguimos colocar 450 assinaturas de presenças. Isto é o que dá forças a um representante sindical brigar, lutar, até cair. Esta força que sempre tive foi a mola que me impulsionava a falar brigar, defender até a exaustão a minha categoria. Antigamente podíamos dizer; nós queremos assim, e se não for assim vamos parar. Hoje? Sem demérito algum aos delegados representantes, as propostas já vêm prontas e a alternativa é uma só; aceitem assim ou vamos para dissídio. Nestas horas o coração acelera, pois decisão de juiz é algo que depende de muitos fatores. Particularmente nunca gostei de dissídios, e atualmente termos como “justiça” “juiz” e “acordos” passam muito longe daquilo que significa algo que seja realmente “justo”. Nunca, como agora a tal “justiça” defendeu os direitos dos patrões com tanta veemência. Hoje, optar pela greve pode significar a morte de uma categoria, existem interesses comerciais que abalam até mesmo decisões judiciais. Mesmo assim sinto saudades dos meus tempos de guerra. Tanto isto é verdade que mesmo depois de ter pendurado as chuteiras, como delegado ainda contribuo com textos e opiniões. Saudade é aquilo que fica,de algo que não ficou.
Bom ia a todos.
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