A chácara.
Foi por volta de 1954, que
nossa família mudou-se de São Leopoldo, para Sapucaia do Sul. Meu pai
trabalhava em uma indústria de papel e papelão, e tinha uma irmã, de nome Lucia
que cuidava de um casal de idosos que residiam ali na rua sete de setembro.
Estes, eram sócio da antiga Casa Lú, tradicional estabelecimento de Porto
Alegre. Seu Manoel, era caçador, em uma de suas caçadas, feriu-se no pé. Como
era diabético, o ferimento foi aumentando e apesar de terem todos os recursos
disponíveis faleceu.
A viúva ficou com minha tia de companhia. Resolvendo
mudar-se para o apartamento que tinham em Porto Alegre fez o convite para meu
pai que aceitou. Assim aos doze anos tornei-me mais um cidadão sapucaiense. A
casa onde morávamos era muito pequena, eram quatro peças, e sequer possuía
pátio, pois os fundos da casa davam direto para um banhado, porém um detalhe,
águas limpas e cristalinas. A chegada a nova residência, foi uma festa. Era
tudo tão grande tão bonito, um pomar com todos os tipos de frutas, uma galinheiro
com mais de cem galinhas, uma horta e ainda com um cercado onde podia-se
plantar, e já haviam muitas, flores das mais diversas qualidades.
Cada um de
nós ganhou um quarto grande com roupas de cama e tudo o mais, a sala era
composta por uma copa americana com sua parte superior envidraçada onde se
podiam ver vários tipos de copos e tigelas. A casa era composta de quatro
quartos, sala,sala de jantar,cozinha, com um grande fogão a lenha, dispensa,banheiro,uma
área externa anexada ao corpo da casa com poço e toda decorada com folhagens,
onde predominavam as samambaias gigantes que pendiam do teto.Havia ainda a área
de serviço e a garagem.
Com a doença do proprietário o carro fora vendido e na
garagem havia sido construído um fogão de tijolos. Ali ficavam todas as
ferramentas para o cultivo, a limpeza e manutenção de toda a área. Eram o
equivalente a doze terrenos. Salvo a parte já aproveitada, restava um bom
espaço para plantar e semear o que se desejasse. Meu quarto, foi escolhido pela
minha tia, gostava muito de mim, era o quarto dela, com uma cama de meio casal,
e colchão todo de algodão. A janela dava para o jardim com flores. Os outros
quartos ficavam no outro lado da casa e davam para a área de plantio.
Meu pai e
meu irmão mais velho, trabalhavam o dia inteiro em São Leopoldo, minha mãe
trabalhava no Colégio da praça( D. Sibila.)das 13 até as 18 horas. Eu e o menor
(Luiz) ficávamos encarregados das lides da casa, bem como da capina e limpeza
do pátio. Era uma época de fartura, comprávamos poças coisas, plantávamos de
tudo, frutas e verduras meu pai não vendia doava, aos vizinhos e também ao
colégio para a sopa dos alunos. Ao lado da casa, esticando-se até os fundos um
grande parreiral. Na primavera gostava de olhar da janela do meu quarto e
admirar aquele túnel verde, formado pela parreira e ao fim destas a sombra de
quatro gigantescas pereiras.
Naquele tempo, nos jogos de futebol( no campo do
Vera Cruz) eu e meu irmão enchíamos um carrinho de laranjas mandarinas, comum, bergamotas,
peras, caqui, goiabas, e íamos fazer a nossa féria para as tardes de cinema de
domingo. Várias, foram a vezes que tínhamos que voltar para abastecer o
carrinho. A noite, todos reunidos em volta da mesa a diversão era ouvir as
radio novelas, da rádio gaúcha e da farroupilha, ou então aos domingos o Grande
rodeio Coringa.
...............segue...........
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