A sociedade se movimenta, e
se desenvolve obedecendo regras.As regras, são feitas por aqueles que de livre
e espontânea vontade são escolhidos por nos.Ao povo e somente a ele compete
fazer a seleção, encaminhando as pessoas certas para que trabalhem na
organização da sociedade. Se, temos hoje no Brasil, todas estas badernas, protagonizadas
por membros das classes políticas, fica mais do que claro, que nos cabe uma
grande parcela de culpa. Não aprendemos, ainda, a eleger a escolher as pessoas
mais preparadas para nos representar. Por isto pagamos, muitas vezes, caros
tributos. Sapucaia do Sul, com seu povo hospitaleiro, acolhedor, sua geografia
peculiar, seu parque industrial, suas belezas naturais, parece estar fadada a
ser eternamente um covil, onde a dezenas de anos as mesmas pessoas mandam e
desmandam no poder do voto.
E porque isto acontece? Algo que pode nos ajudar a
entender este estranho procedimento é o fato de nossa cidade ter-se
transformado de alguns anos para cá num caldeirão onde se misturam pessoas oriundas
de todos os recantos deste nosso Rio Grande e também do Brasil. Atraídos pela
ilusão da conquista de um emprego, de um lar para morar,de mais tranqüilidade,
muitas destas pessoas saem de suas cidades, a convite de parentes,conhecido e
na maioria das vezes acaba caindo nas mãos de políticos inescrupulosos. Um
fenômeno que ainda costuma acontecer é a migração de eleitores, iludidos pelas
promessas vantajosas de emprego, moradia, etc. Isto aconteceu muito e ainda
acontece aqui na cidade. Ora, estas pessoas vindas dos mais distantes recantos,
muitas das vezes sozinhas, engordam as estatísticas daqueles que vão depender
das migalhas, dos programas sociais, das sacolas, das casas a beira de
rodovias, das beiras de riachos.
Ficam reféns por isto mesmo, daqueles “padrinhos”
que os levam pelas mãos na eterna peregrinação em busca de direitos. Cria-se
desta forma uma dependência, e com ela a fidelidade. Um caso bem típico aconteceu
nas eleições de 2008 aqui na cidade. O candidato Luis Scopel, que havia
apresentado chapa para concorrer a prefeitura, ante o resultado das pesquisas
que o colocavam em último lugar entre os mais prováveis, resolveu de última
hora jogar a toalha, mas, não ono tablado, e sim no colo do candidato Ballin a
quem as pesquisas apontavam como virtual candidato vencedor. Pois bem, um tarde
de sábado estava eu no diretório do PDT (era secretario executivo) quando ouvi
uma gritaria infernal, que vinha no sentido bairro centro. Fui até a janela, e fiquei
abismado com a quantidade de pessoas todas carregando uma vassoura (lembrei do
Jânio Quadros) eram muitas mesmo, trezentas, quatrocentas talvez. Mas o detalhe
que chamou minha atenção foi o fato de que todas aquelas pessoas estavam mal
vestidas, sujas, um estranha mistura.
Ou seja, aquelas pessoas representavam a
massa de manobra de um candidato que trazia das beiras de arroios, beiras de
faixas de domínio, o seu público, os seus eleitores. Para estas pessoas, não
existem filosofias, não existem planos, não existem esperanças, eles vivem o
dia a dia, então tanto faz que esteja ou quem seja candidato a isto ou aquilo.
E não podemos culpá-los, estas pessoas vivem,comem e dormem pelas mãos deste
tipo de político. São especialistas em manobrar com os bolsões de miséria. Por
isto permanecem, estas classes, por isto sobrevivem. A maioria de nossos
políticos se fez desta maneira, e por isto que sempre me refiro aos currais,
costumam manter estes eleitores a base de favores, e assim elegem-se
continuadamente. É difícil reverter este quadro? Eu diria que é quase
impossível, precisa muita mobilização, muita reunião, muita conversa.
Dificilmente pessoas que vivem assim nesta dependência abrirão mão dos favores
em detrimento de novos planos, novos projetos para a cidade.
A prova de minha
teoria, é a fraca participação das pessoas(eleitores) nas manifestações que tentam
conter os abusos destas verdadeiras corjas, se, numa campanha, em pleno horário
de trabalho, se consegue juntar dezenas de pessoas, empunhando vassouras,
porque então estas mesmas pessoas não comparecem quando chamadas para reivindicar
seus direitos, protestar contra os abusos? Simples, para alguns o ideal é viver
a sombra. Alimentar-se de migalhas,morar de favores e de cabeça baixa, sem
olhar para a verdadeira cara do seu algoz.
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