A Quadrilha.
Certa vez um indivíduo, cansado da vida de operário estava sentado a beira de um gramado em frente ao refeitório da empresa onde trabalhava. Ele via passarem carros de luxo de todas as marcas e modelos. Então pensava: Tem que haver outra maneira de conseguir dinheiro fácil, não é com minhas mãos cheias de graxa que vou chegar até lá.
Pediu as contas, mudou-se para outra cidade, onde ninguém o conhecia. Encontrando o lugar apropriado, um lugar tranqüilo, com poucos habitantes, gente humilde, logo tomou conta das conversas no boteco. Sua experiência, como peão de trecho lhe dava argumentos para qualquer tipo de piada. Foi cativando amigos, semeando conversas fiadas.
Sua fama chegou até mais adiante, e um dia foi apresentado a um vereador da cidade vizinha. Este se encantou com a verborragia fluente do novo amigo.
Convidou-o para trabalhar com ele na câmara de vereadores. Transformou-o em assessor.
Ele era esperto, começou a arquivar tudo de interessante que pudesse lhe ser útil, contatos, telefones, obras de caridade,gorjetas,desvios,amantes, tudo era registrado no caderninho , aquilo, dizia ele, poderia ser muito útil um dia. E foi. Chegam as épocas de eleições, já havia se filiado, e agora tinha transito garantido nas baixas rodas do submundo da política.
Foi guindado a candidato, e fez uso do arsenal do qual dispunha. O antigo chefe ficou furioso:Mas como podes fazer isto comigo? Fui eu que te busquei te dei cargo. E agora, você me apunha-la desta maneira? A política as vezes se torna muito ingrata amigo. As urnas dirão quem é o melhor de nos. Elegeu-se. Granjeou amizade e cumplicidade da maioria eleita. Impôs regras, a governabilidade a partir daquele momento começaria a custar caro.
Cada ato, cada projeto, era questionado até nas vírgulas, e mesmo assim, recusado. A importância do projeto, ditava a regra a ser cumprida. Quanto mais polêmico, mais grana no bolso dos quadrilheiros. De humilde operário num instante transformou-se num mega empresário, investia em tudo jogos, prostituição, desmanches, drogas.
Comprava a tudo e a todos com seu dinheiro. Juiz, delegado, policia tudo em suas mãos, dava a cada um o valor do trabalho desenvolvido. Quem não rezasse pela cartilha do vereador, sumia da cidade..e do mundo. Sonhou mais alto. Deputado seria um cargo a sua altura. Os horizontes seriam ampliados, afinal quem na cidade não votaria naquele líder? Mais uma vez elegeu-se.
Agora Deputado Federal, aos aspones delegou o comando da máquina municipal. Agora ficava cada vez mais fácil a distribuição de dinheiro, uma ponte aqui, uma sala ali, um arado, para este, uma colheitadeira para aquele outro. Festas, banquetes, honrarias, a vida era uma verdadeira fuzarca sem preços, sem honra, sem nada.
Descobriu que com emendas parlamentares poderia aumentar em muito o seu lucro. Colocava um assessor em contato direto com os prefeitos, estes faziam pedidos para todos os tipos de obras, muitas sem a menor importância, ele repassava a verba e de lambuja também o empresário, a empreiteira e os devidos orçamentos.
Valia de tudo, desde as carteiras escolares até os medicamentos do posto de saúde tudo passavam pelas mãos do deputado. Pelas mãos e pelas contas bancárias, é claro.Mas, as coisas começaram a tomar vulto, as contas bancárias começaram a causar inveja entre os pares, a cobiça botou os olhos nas posses do deputado.Vieram os questionamentos dos opositores,ameaça de CPI. Nada aparentemente nada assustava o deputado, transitava pelos corredores do Congresso como verdadeira liderança. Tinha amigos, influentes, que viviam à custa de suas benesses. Então temer o quê?
As últimas notícias que tenho deste senhor, é de que se afastou por motivos de doença, continua recebendo seus salários regiamente, distribuindo e recebendo favores.
Seu advogado por sinal um ex-ministro, já lhe recomendou construir um grande forno a lenha num dos galpões de sua fazenda. É para a fabricação das pizzas, que aliás deverão ser muitas até a sua volta.
Obs. Esta é uma “estória” e qualquer semelhança com a realidade, seu fatos e personagens, inclusive daqui da cidade será mera coincidência.
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