quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Caçando preás.


A linha férrea,que cortava Sapucaia de antigamente,era bem mais poetica do que esta do metrô de superfície. Era mais romantica, pois cortava imensidões ainda virgens, no trecho entre Porto Alegre e Taquara (pelo menos eu achava). Das janelas da maria fumaça, podia-se apreciar as poucas casas no meio do campo, o comboio atravessava rios, córregos ainda limpidos e claros. A gente recebia no rosto aquele vapor ainda morno que exalava das válvulas de escape das caldeiras. Era um cheiro gostoso de fumaça de carvão vegetal queimado, a gente levava um lanche,e entre um passeio e outro entre os vagões a procura de conhecidos, dava para fazer a refeição sempre embalado pelo gingado dos carros deslizando pelos trilhos. A linha férrea passava bem ao fundo da chácara onde morávamos, e costumáva-mos dispor das laterais da linha, onde crescia um mato, mixto da capim e pequenos arbustos ( carapichos,chá de bugre, barba de bode) creadouro perfeito para ratões do banhado, preás, pequenas cobras verde, lagartos e lagartixas.Alí, no intervalo dos trens,era comum a rapaziada, armada com fundas, e ajudados por cães, saírem a caça destes predadores( ratões, e preás). Muito embora participasse das caçadas nunca consegui caçar nenhum deste bichos, até porque minha pontaria era péssima e costumava falar mais alto o coração de manteiga. Hoje este crime seria punido severamente. Eram comuns as picadas de cobras, e até mesmo as mordidas dos ratões capturados. A grande diferença entre aquelas caçadas e outras que comunmente acontecem, é que a gente depois de uma tarde inteira, na busca, não pegava mais do que um ou dois animais. Hoje, um navío baleeiro, num dia retira dos mares toneladas de animais.Particularmente abomino qualquer tipo de caçada, acho que todo o caçador tem algo de instinto assassino,já que tira a vida de um animal só para provar que ,tem dinheiro, tem boa pontaria e pode desperdiçar tempo treinando a arte de matar. O Ibama, é agente oficial do governo mancomunado com este tipo de crime. Nos dias atuais, a linha férrea, onde tantas vezes o nosso CTG,embarcou com destino aos bailes tradicionalistas em Taquara, não existe mais. Em seu lugar uma moderna linha de metrô, tem as laterias cobertas por pedregulhos, onde é impossível a sobrevivência até mesmo de minhocas. Ja não se sente mais o cheiro da carvão, as máquinas são impulsionadas por motores eletricos, e os vagões, via de regra viajam sempre com portas e janelas fechadas. Da singela e romântica estação não restou senão as lembranças em fotos. Aquele guichê, de madeira reluzente, o banco de ferro fundido, e o sino para sinalizar a chegada ou a saida dos trens foram substituidas por catracas eletrônicas, poltronas de plástico e silvos de buzinas eletrônicas. Ganha-se em agilidade e modernidade. Perde-se e muito com o romantismo, a poesia e a prória historia da cidade.
Próximo capítulo: O CGT Estrêla do Pago, seus bailes suas festas.

Nenhum comentário: