quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Um Agradecimento


Quero aproveitar e agradecer aos inúmeros contatos recebidos, pedindo que não parasse de opinar , de escrever, que já haviam se acostumado com "A minha Voz". Alguns inclusive me apontando e pedindo para meter a cara na política,convites de outras siglas. Agradeço de coração. Mas, o meu mundo não é este.Não posso conviver com tanta sujeira, não vivo de conchavos, nem trapaças, de arrumações, de pucha saquismos, de bajulações, tapinhas nas costas, de hipocrisias, de faz de conta. Graças a Deus sou muito bem aposentado, graças aos mais de quarenta anos de trabalho( e isto que sou deficiente).A voces todos,muito obrigado. "minha Voz" vai voltar, enquanto isto divulguem com amigos, contatos, familiares o meu blog. Não sou, não quero,e não ganho nada (valores)com meus artigos. Apenas quero ajudar a moraslizar esta coisa sórdida chamada política.

Quem precisa..

Quem precisa não é...?

Vai ficar na mão. Plagiando aquela senhora idosa apresentadora de televisão, podemos definir nossos deputados estaduais como sendo umas “gracinhas”. Entra mandato, sai mandato e o que se vê são asneiras em cima de asneiras. Só para começar uma notícia que a maioria dos pagadores de impostos nem toma conhecimento, o tal plano de carreira dos integrantes do TCE.

Um impacto de nada mais nada menos do que trinta e nove milhões de reais nas contas públicas. Daí muitos dizem: E, eu com isto. Só que quem paga a conta somos nós. Enquanto isto a Brigada Militar (cabos, soldados) e Polícia Civil estão ai na mira da bandidagem, fazendo o que podem, vivendo com um dos salários mais baixos do Brasil. Sem contar os professores e a desculpa é sempre a mesma, não tem dinheiro.

No caso do plano de carreira do TCE, até se entende a pressa em “regularizar” esta situação “vergonhosa” dos salários deste povo. Não esqueça que eles são nomeados pela governadora, e são eles também que examinam as contas do poder público, logo..seja como for é mais uma piada contada por nossos deputados estaduais. Alerta, marquem bem estes nomes, e na próxima eleição quando aparecerem eles ou seus dignos representantes atire um balde de água fria na cara deles.

O caso das diárias, onde alguns destes personagens recebem para dormir em casa, segundo parecer do Deputado Cherini (PDT) do meu partido (que vergonha) não existe nenhuma pressa em arrumar outra maneira de botarem no bolso estes trocados, tudo é legal. Pra estes também tem dinheiro. A tal CPI da corrupção não tem o que falar. Trata-se da coisa mais feia, sem nexo, e uma das maiores pizzas que se tem conhecimento, assim como aquela da Petrobras. Ora alguém mais inteligente do que eu responda: Numa CPI destas, onde o governo tem a maioria, e ainda indica o relator que por sinal é presidente da sigla do PSDB (aqui no estado) espera-se o que? Como se pouca desgraça não fosse tudo ainda de lambuja tem o tal de Cofy (ex. PDT) para dar a sua “contribuição” (ALERTA marque este nome).

E o pior de tudo isto é que houve um roubo de mais de quarenta milhões. Fato comprovado pela investigação da PF. Alguém embolsou este dinheiro. Tem uma morte estranha, lá em Brasília. Tem a compra de uma mansão, Tem uns diálogos entre gente influente inclusive com ameaça de “contar toda a verde” “detonar a governadora” de tirar o sono de qualquer vivente, e mesmo assim a tropa de choque não quer ouvir os envolvidos. Ai tem coisa. Ou estão com medo, ou estão tentando proteger alguém com medo das conseqüências.

Para encerrar, renovo minha sugestão ao amigo Ballin, velho, monte um gabinete institucional em Brasília (mas não mande gente daqui com salários, diárias e mordomias). Politicamente você vai ganhar, pois economiza para o município, e tem mais tempo para tomar pé do que anda rolando aqui na cidade.
PS. Esta história de buscar verbas, não cola isto se resolve até por telefone, internet, etc. afinal o mundo esta globalizado. 30/09/2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Apenas..

Apenas uma pausa

Tenho, há mais de quarenta anos, dedicado boa parte do meu tempo a escrever. Escrevo sobre tudo, mas, tenho um gosto especial sobre assunto que envolva segurança, talvez influenciado pelo fato de gostar do tema Segurança no Trabalho. Gosto de política, alias, gostava. Quando ainda havia esperanças de que as coisas mudassem, os políticos criassem vergonha na cara, o país se transformasse num enorme mutirão para acabar com a fome, com o desemprego, com a falta de segurança, com a falta de saúde.

Hoje vejo que não passei de um pobre sonhador. A coisa é muito mais suja do que pensei, os homens, estes envolvidos em política, perdem a maior parte de suas grandes qualidades, deixam-se arrastar pelos projetos pessoais. A política, aquela que representava a arte de dialogar, de propor, de sugerir, foi relegada ao esquecimento. Em seu lugar surgiu outra bem mais ágil, muito menos honrada é verdade, mas, que traz lucros imediatos chamada da política do “toma lá da cá”.

Não existe projeto, não existe sugestão, não existe nenhuma alternativa para qualquer que seja o problema se esta não passar pela negociação. Calma, a negociação não significa parceria, pelo melhor. A parceria é interesseira, do tipo eu apóio, mas eu quero uma verba, um cargo, uma viagem. Na verdade ai está o vertedouro das maracutaias, começam nas câmaras municipais com o ensaibramento de uma viela qualquer, com a poda de uma árvore, para desaguar nas mais altas esferas nas mãos dos lobistas, estes sim, com poder de barganha muito maior do que o do presidente da república.

Nunca faltei ao compromisso de votar, sempre era o primeiro da fila na minha secção eleitoral, e muitas foram as vezes que fui chamado a compor a mesa, aliás na minha secção eleitoral comecei como mesário e terminei como presidente, e assim mesmo porque filiei-me a uma sigla política. Hoje reconheço o tempo perdido, se entendesse melhor o significado da palavra votar, talvez preferisse a justificativa, o pagamento de multa do que ter passado, durante todos estes anos, o recibo de bobo.

Aqui em Sapucaia, fui participativo, ajudei a criar um novo projeto, criei uma página “Minha Voz” com a única finalidade de ajudar com críticas construtivas, na administração, mas errei ao supor que todos saberiam interpretar o que estava escrito, ao contrário apareceram os pseudos entendidos, e não faltaram ameaças veladas, não contra mim, mas contra pessoas inocentes que nada tinham a ver com minhas palavras. Por isto o nojo, a repulsa o sentimento de frustração frente tudo isto que as pessoas diariamente trazem até mim. São fatos envolvendo pessoas tidas como amigos, das mais diversas siglas partidárias, respeitáveis e honestos, mas que se verdadeiras as informações, aderiram a velha prática do toma lá da cá.

Tudo isto me leva a tomar uma decisão. Não acredito mais em política, principalmente quando ela envolve ameaça. Não desejo que um inocente sofra as conseqüências. A “minha voz” parou de opinar. Mas cuidado, muito cuidado com os recados. A minha boca não foi calada. 28/09/2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mais uma bofetada

Mais uma bofetada.

Para minha surpresa e indignação, o bloco carnavalesco dos “boas vidas” consegue um aumento considerável de participantes, e de arrasto aumenta os ganhos e mordomias de milhares de cabos eleitorais, aspones, amantes e sabe-se lá mais quem.

É isto mesmo, estou falando da PEC aprovada ontem (22/09) que aumenta em todo o país o número de vereadores, para maior desgraça minha, de autoria de um deputado do PDT, o Sr. Pompeo de Matos. É incrível, que com tantos projetos muito mais importantes para o povo brasileiro trancando as pautas de Câmara e Senado, eles achem tempo para aprovar logo aqueles que lhes dizem respeito.

Não e difícil entender o porquê de tanta pressa em aumentar o número de vagas nas câmaras municipais, ora, logo ali no ano quem vem tem eleições, e os deputados saem em revoadas buscando apadrinhados, pucha sacos, e congêneres pois são estes na verdade os que “amassam barro” nivelam a estrada para que o distinto deputado busque mais uma vez os votos daqueles milhares de desgraçados, esquecidos do poder público. De lambuja poderão contar com apoio para as eleições municipais de 2012.

Já escrevi anteriormente, nosso país tem políticos demais, em minha opinião, o senado poderia ser fechado, e o número de deputados reduzidos drasticamente. Meu raciocínio se baseia no seguinte: Para que tanta gente ganhando, se não produzem proporcionalmente o que se espera? Mais vale ter menos políticos que sejam sérios e honestos, e apresentem resultados do que contar com um exército de parasitas que só pensam em si mesmos.

O povo brasileiro tem que aprender a entender certas coisas. Sempre que se fala em não votar, anular o voto, rasgar o título aparecem os entendidos falando que não é bem assim, que o voto é a nossa arma, que o que a gente deve a aprender a votar. Eu mesmo acreditei por muito tempo nesta filosofia de boteco. Tudo ilusão. O povo vota em quem lhe dá uma sacola,uma receita, um terreninho , um exame médico, uma consulta, ou seja, não está nem ai para saber se o cara (candidato) presta ou se apenas não passa de mais um vagabundo querendo viver bem sem fazer nada.

Nós brasileiro estamos de luto, e com a cara de palhaço, mais uma vez a corporação logrou êxito, falou mais alto o interesse pessoal prova disto foram os votos registrados 380 a favor e 29 contras. E daí, estavam ou não, pensando cada um em si próprio? E que perdoe o Senhor Pompeo, esta ”estória” de que diminuiu o repasse de verbas não cola. Então porque, não diminuíram apenas o repasse?

Sinceramente, meus pêsames a todo o povo brasileiro, nossos político não tem o menos pudor, não tem o menos respeito, e o pior não vacilam um minuto na hora de desferir bofetadas na nossa cara. Pelo fim do oportunismo, e da corrupção: ANULE O VOTO. 23/09/2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Eu sou Mais Eu.

O ser humano, esta milagrosa criação do todo poderoso parece que, mesmo feito a imagem e semelhança do criador, não faz questão de manter-se fiel as origens. Digo isto baseado em provas contundentes de que por mais que se mostrem exemplos, por mais que se testemunhe através de fatos concretos, a verdade é que a vida, este dom maravilhoso não tem nenhuma importância.

Prova disto são as manchetes diárias dos jornais as notícias do rádio e tevê. Fins de semana normais, já contabilizam uma média de quinze a vinte vítimas fatais, isto, levando-se em conta apenas os óbitos registrados na hora. Muitos acontecem após uma internação hospitalar, depois de vários dias principalmente se houver graves traumatismos. No caso de fins de semana prolongado com feriados, bem, daí a média triplica.

Morre-se por qualquer motivo, mata-se por qualquer banalidade, e para isto vale qualquer coisa como “ferramenta”.Pode ser uma pedra, um pedaço de madeira, uma barra de ferro, uma faca,uma arma de fogo, pode ser um carro. Parece que matar, está relacionado diretamente com aquele sentimento de grandeza, de imponência. Nas brigas e disputas por pontos de tráfico é onde a vida humana tem a sua menor cotação, ela pode valer centenas, como também pode valer centavos de reais.

Já no trânsito a coisa muda de figura. O que conta mesmo é o valor da “arma” que vai ser utilizada. Uma bobagem, pois no trânsito um velho carrinho bem conservado, tem o mesmo potencial de destruição do que um potente e sofisticado carro do ano. O diferencial está nas reações de quem o dirige. E aqui é bom que se diga que um bom motorista não tem nada a ver com curso de habilitação feito neste ou naquele CFC, invenção de um governo totalmente incompetente para administrar. Tem aqueles que respeitam a vida, e tem aqueles para os quais a vida não tem o menor sentido. Se fosse apenas a vida destas bestas tudo bem, o pior é que em muitos casos eles matam inocentes, pagam fianças, e continuam impunes.

As leis, os códigos, estes foram criados apenas com a visível intenção de “arrecadar” até ai se faz presente o pouco valor a vida humana, tanto é que mesmo que um irresponsável atropele e mate três ou quatro, ele paga fiança (arrecadação) e volta a dirigir. Um bom advogado pode se quiser processar as vítimas e pedir indenização.

Os governantes deveriam se reocupar mais com a vida humana, legislar de forma a criar condições para que o cidadão desfrutasse de mais dignidade e menos cobrança. Legislação rígida para quem tira a vida, sem penas alternativas, sem fianças. Determinar o fim do “eu sou mais eu” do bêbado, do irresponsável, do chapado, dos filinhos de papai que quando ao volante se acham o dono do mundo. Gritar, por paz no trânsito não adianta. Nossas autoridades são cegas, surdas e mudas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Divagações

Escrevo há mais de quarenta anos, é algo que faço com prazer. E, eu sei, nossa língua é cheia de armadilhas, o que me induz muitas vezes a erros seja na ortografia, na sintaxe, até mesmo na concordância. Quanto a isto estou conformado, pois tenho lido artigos de jornalistas, advogados, professores e até de alguns ditos intelectuais com cada “mancada” de dar dó.

Bem, afinal de contas se me deixasse levar pelo fato de ser um iletrado, teria perdido a oportunidade de ter me comunicado com tantas pessoas. O importante mesmo é que a meu modo escrevo o que penso, e me comunico, sem é claro, me deixar influenciar por quem quer que seja. Escrever é tão bom quanto ler um bom livro, pena que tão poucas pessoas usem deste meio para exprimir seus pensamentos. Às vezes, escrevendo é que a gente pode manifestar o nosso posicionamento, nossas desconfianças e transmitir o nosso sentimento em relação a algo que esteja acontecendo.Querem ver?

Neste exato momento você saberia dizer quantos políticos respondem a processos de todos os tipos? Vamos simplificar, só no Senado, ou na Câmara, quantos serão os “envolvidos”? Dirá você, não me interessa. Opa interessa e muito, afinal são eles que fazem as leis que você irá obrigatoriamente cumprir. São eles que criam impostos, distribuem verbas (uma vergonha) fazem arranjos, enfim mandam nas nossas vidas.

Pense bem, para que você se inscreva num concurso público, tem que apresentar folha corrida na polícia entre outras bobagens ( para quem não é apadrinhado, lógico). Daí, de repente sua família, sua vida, seus bens, estão sendo gerenciados por alguém que deveria já há muito estar dentro da cadeia, e só não está porque conta com bons advogados, e muito dinheiro.

E o pior é que a gente sabe disto tudo, e entra ano sai ano voltamos a nos enganar com as promessas fantasiosas desta casta de privilegiados. O nosso título eleitoral, que deveria ser usado como arma contra os chantagistas da hora, virou uma coisa morta. Sequer vale como documento, muito embora, sejamos obrigados a usá-lo quando solicitados.

Vejam o tratamento diferenciado que nosso digno presidente está dando aos aposentados e pensionistas de todo o país. Ministros, senadores, deputados, forças armadas, enfim a grosso modo todos aqueles que “mamam” no dinheiro público. Estes terão aumentos consideráveis, apesar de já receberem verbas mais do que suficientes. Mas para nós aposentados e pensionistas não há dinheiro, nós vamos quebrar a previdência.

Antes da eleição apresentam-se como anjinhos, depois de eleitos transformam-se em demônios, louco para nos mandar para o inferno. 16/09/2009.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Independência ??

Independencia ?

Logicamente que esta tal independência que se comemora não tem nada a ver com o povo brasileiro. E, explico porque. Nos meus tempos de estudante, a gente sentia um orgulho tão grande em empunhar a bandeirinha, e acená-la. O desfile do dia sete era o grande momento, uma grande festa cívica. O povo orgulhoso, participava com vontade, sentia prazer em demonstrar seu amor pela pátria.

Hoje, o desfile das comemorações foram transformados, em vitrines, já não importa tanto assim o patriotismo, as autoridades sobem para o palanque, acenam ,atiram beijinhos para mostrar que estão ali, que não sejam esquecidos, para que o povo (patrão) sempre que ouvir falar em desfile lembre o rosto sorridente do político em destaque. Vale até fazer gracinhas para aquele menino magricela, que sorri, sem saber que aquela senhora é a mesma que sucateou a escola pública, a segurança, a saúde, enfim.

Independência ? quem disse que somos independentes se trabalhamos quatro meses do ano só para pagar impostos, independentes nós, que somos obrigados a engolir esta parafernália de políticos mentirosos, desonestos e trambiqueiros? Independentes nós que para dar um simples passeio com a família num domingo paga quase quarenta reais de pedágio, num percurso de menos de cento e cinqüenta kilometros?

Independentes nós, que segundo alguns deputados gaúchos, deveremos pagar o rombo dos pedágios que a governadora tentou empurrar para o governo federal? Um povo que é tratado com tanta falta de seriedade, com tanta falta de vergonha na cara, tanta corrupção, tantos roubos, tantas cafagestagens não pode dizer que é livre, que é independente.

Na verdade paradoxalmente somos todos escravos, apesar de sermos patrões, e de nada adianta tentar se rebelar, passeatas mesmo pacífica, esta sujeita a balas de borracha, desocupação mesmo que de pessoas desarmadas,sempre terá o perigo de um tiro de calibre doze pelas costas. Independência, significa liberdade desde que ordem, mas, se nem aqueles que sobem ao palanque sabe o que isto significa, vamos todos colocar nosso velho nariz de palhaço e comemorar, tentando cantar pelo menos uma estrofe do Hino Nacional, porque cantar todo é exigir demais.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Memórias de um cavalo

Memórias de um cavalo.

Hoje, aconteceu algo inédito. Saí para o trabalho ainda cedo, depois de uma noite mal dormida, mal alimentado, e com o lombo ardendo como se tivessem me envolvido num manto de brasas ardentes. Há dias tenho me sentido fraco, pernas bambas, o ar as vezes me falta, o coração dispara, me sinto cansado.

A bem da verdade, meu horário de trabalho é duro, saio geralmente de madrugada, e volto ao leito, pela noite. Às vezes morrendo de sede, cheio de dores, e a janta que me espera é quase sempre um molho de capim, que o patrão juntou a beira de um valo. Milho? Nem lembro quando foi a última vez que comi, alfafa? Não sei o que é isto.

Não tenho um nome específico, o patrão costuma dizer ” Heia, bicho” acho que este é o meu nome. Geralmente a cada comando costumo levar uma relhada no lombo, e como ardem às escaras que carrego, por conta dos arreios mal conservados e frouxos, estão em carne viva. Não queria sentir tantas dores.

Eu sabia que cedo ou tarde isto iria acontecer, não sei se por causa do sol forte, a sede o cansaço e a carga no meu lombo, tropecei e caí. Primeiro sentei, depois me esparramei no chão sob as vistas do patrão e de algumas pessoas que ali passavam. Tentaram levantar-me com alguns puxões na rédea, mas a única coisa que conseguiram foi me ferir ainda mais com as ferragens do freio na boca. A única coisa que lembro foi de alguém dizendo “coitadinho”, depois apaguei.

No meu breve desmaio, sonhei. Sonhei que era um cavalo bonito, de raça, destes com plano de saúde, médico a toda a hora, banhos de xampu e com direito a uma baia com ar condicionado e terapia anti- estresse. No meu devaneio me vi cobrindo éguas, destas lindas, vistosas dignas de capa de revista. Minha rações eram servidas por gentis senhores e senhoritas que examinavam, cheiravam, pesavam tudo o que me era servido.

Depois, descansava e antes de um novo trabalho, e que trabalho, vinham de novo aqueles senhores verificar pressão, batimentos cardíacos, colher fezes para exames, coisas de rotina. De repente sou acordado por alguém que me pucha pela rédea, e ainda me dá umas lambadas, daí me dou conta de não passo de um pangaré sem nome, magro, esquálido, e que tenho mesmo morrendo, sair para o trabalho, porque tem gente que depende de mim.

Como gostaria que meu patrão entendesse o que significa trabalhar vinte horas, sob o relho inclemente, tracionar uma carroça com uma carga alem das minhas forças, sofrer na carne viva o roçar dos arreios, com ferraduras desgastadas, que me maltratam os cascos. Como seria bom se ele entendesse que somos parceiros, eu o ajudo e ele me trata com respeito, assim como se trata um amigo, do qual dependemos para o nosso ganha pão.Este texto é minha homenagem a jornalista Brígida Sofia do GES pela foto estampada na página 09 do VS de 03 de setembro.