quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

De Carona, no "RABO" da carreta

Nos idos dos anos 50, a juventude de Sapucaia, não tinha lá tantas opções para seus fins de semana, e ou fim de tardes. Com exeção dos Clubes sociais, as peladas, o cinema, e passeios, o pessoal tinha que ser criativo, e inventar o programa. Uma alternativa, muito usada aos domingos a noite, quando não aconteciam as festas do "Pe. Gentil" era atrapalhar os namoros que aconteciam na Praça General Freitas, no centro da cidade. Havia uma grande figueira, situada na parte mais alta no centro, da praça. Era uma árvore centenária, longos galhos, e o tronco subdividia-se em sua parte mediana, em duas partes, formando uma grande fenda onde passava com folga um homem de estatura media. Era circundada por uma especia de proteção com "cerca viva", ali, nos bancos os namorados vinham dar os amassos, nas meninas, pois acreditavam tratar-se de local mais isolado. Tínhamos um grupo, que gostava de dar uma melada quando a coisa ficava mais quente. Munidos de tranceptores (rádio) costumava-mos monitorar a entrada dos casais, e o ponto onde se acomodavam,(nos bancos, debaixo da figueira, ou mesmo nos nichos em meio a cerca viva. Passávamos a posição para outro "amigo", este munido com uma "funda"( outros conhecem por bodoque) que tinha função de atingir o rapaz ou a moça se estes partissem para algo mais pesado. Geralmente a munição consistia nos proprios figuinhos (fruto da árvore) e não causava nenhum ferimento, apenas uma enorme decepção no casal. A velha figueira, morreu, em função de um ato de vandalismo, de alguns bêbados da época(Lóla e sua turma). O craque em melar namoros era o Romangueira, aliás na época, um verdadeiro alteta pois acompanhava o ônibus, no qual iamos para S.Leopoldo(estudavamos no Colégio São Luiz) de bicicleta, seguia coladinho daqui da praça, até o predio do Ginásio São Luiz ali na Saldanha da Gama ( hoje funciona um curso de fisioculturismo).Nas tardes dos dias de semana, depois dos serviços rotineiros, nos reuniamos no campinha ao lado da chácara. Ali o Ronei, (filho do "seu Marino") reunia o time dos pequenos (todos meninos altos, mas eram crianças)para uma pelada. Tudo ia muito bem, de repente alguem gritava - Lá vem o seu Arlindo -pronto, saia todo mundo em disparada para pegar carona no rabo da carreta. Seu Arlindo era pai do Nilton (perna cabeluda) e tinha uma carreta de bois ( não era um "carro de bois") pois era mais comprida e no fim sobrava um pedaço do varão central de mais ou menos 50 centímetros (o rabo) era ali que todos se penduravam, ou então pulavam para dentro do carro até a casa do paciente seu Arlindo. Apesar do perigo, nunca niguém caiu ou sofreu algum tipo de ferimentos.
Próximo capítulo. Festas do Padre Gentil.
ATENÇÃO.
A partir de agora vamos contar com um serviçinho a mais no blog: Dicas para solucionar pequenos problemas caseiros. É só perguntar (ali no comentário) e eu respondo com a solução. Não se acanhe pergunte.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vanda, a musa...

Se,naqueles tempos, o programa principal dos jovens eram os domingos de matinée no Cine Marabá, é fácil entender que as façanhas dos mocinhos e bandidos da tela, tivessem também sua versão na vida real. Eram famosos os brinquedos de "mocinho" e "bandido". Ou seja, formava-mos dois grupos distintos , de um lado os mocinhos, e do outro os bandidos. A chácara, onde moravá-mos, era enorme(14 terrenos) toda arborizada, pomar (muitas espécies) Galinheiro(mais de 150 galinhas) horta com todos os tipos de hortifrutigrangeiros, enfim era o cenário ideal para os nossos bangue bangues. Como naquela época os brinquedos em materia plástica ainda eram caros, as armas éramos nós mesmos que confeccionavamos, e aí entrava a mão de obra de um velho amigo, o Perceu. Alias, ele eu não sei, mas eu continuo com habilidade em fabricar cópias perfeitas de qualquer calibre de armas, em madeira. Decidimos nos mesmos criar a nossa fábrica de revolveres e rifles, tal qual apareciam nos filmes, passávamos muitas tardes trabalhando com tábuas, serrinha de trabalhos manuais e couro, para depois vendermos a produção aos outros meninos.Minha participação nas brincadeiras sofreu uma parada em função de uma cirurgia corretiva( pé direito) pela qual passei, foram tres meses, de tratamento preparando o organismo, para a cirurgia( eu estava anêmico), e outros tres meses, com a perna direita toda engessada do pé até a virilha. Como não podia jogar, nem caminhar costumava ficar sentado no chão sobre um pano, debaixo dos plátanos, no canto do campinho.Uma bela tarde estava a admirar o jogo, quando uma morena bonita,alta, cabelos negros, com um batom vermelho, se aproximou, sentou-se junto a mim, e começou a conversar. Eu gaguejava, todo nervoso, pois nem imaginava quem era aquela morena tão bonita. Ali começou a minha paixão pela irmã do meu (sócio e amigo) Perceu, seu nome Vanda. Era pouco mais velha do que eu, e é claro, agia movida pela compaixão de ver o amigo do irmão dela, naquela situação. Prometeu que tão logo fosse retirado o gesso nos iríamos a matinée. E de fato aconteceu. Da minha parte me imaginado namorado daquela mulher tão linda, e ela cheia de agrados com o amigo. Foram tempos de muitas alegrias, voltei a caminhar, visitei muitas vezes a casa do meu amigo (até hoje) Perceu, até o dia que fiquei sabendo que minha paixão havia casado. Sei, que ainda vive, e só fico sabendo noticias pelo amigo com o qual converso seguidamente. Por muitos dias fiquei olhando pela janela do meu quarto , na esperança de que Vanda aparecesse, mas assim como apareceu,ela sumiu.
Próximo capítulo:Pegando carona no "rabo da carreta"

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

No escurinho do cinema

Um dos programas preferidos da nossa turma, como de resto para a juvebntude da época, eram as matinées do Cine Marabá. Ali se conseguia de tudo , desde a troca de figurinhas dos álbuns ( artistas de rádio,cinema,jogadores de futebol) até a troca de gibis( revistas em quadrinhos) Eu particularmente era campeão, tanto em trocar como vender não só gibis ,mas, as famosas revistas de contos de amor( Revista Capricho eram fotonovelas todas ilustradas com fotos das cenas, onde os "balões" indicavam qual o personagem estava falando) eu tinha verdadeiras montanhas destas revistas. Meu pai, Angelo, trabalhava na Fábrica de papelão Justo e Cia, em São Leopoldo, ali vinham parar todas as publicações que "encalhavam" nas bancas de Pôrto Alegre eu então só passava o título e ele comprava a kilo, e cada dia chegava com novas remessas de livros(didáticos)revistas, gibis, álbuns completos de figurinhas, enfim. Depois da venda era a hora de entra para a sessão da tarde, geralmente programa duplo, ou seja, um filme e mair um cxapítulo do seriado da semana. O fato pitoresco destas tardes de cinema eram os casais de namorados. Entravam os casais muito comportados, de mãos dadas, pareciam santos. Balas,pipocas, enquanto não apagavam as luzes. Na tela aparecia um grande relogio,soava uma característica de fundo e as luzes se apagavam. Ia começar a projeção, primeiro slaydes com marketing da lojas da cidade e traylers dos filmes da semana. Quando de fato começava o filme, os namorados aproveitavam o escurinho. As mãos antes respeitosamente no ombro da menina começavam a procurar lugares mais estranhos, as bocas se procuravam,os "amassos ficavam mais quentes, e então, aparecia o lanterninha o Seu Anibaldo, focava a lanterna na cara do menino e anunciava: Mais respeito, senão vais sair. Muitos foram os que sairam, as vezes em situações de aflição. Lógico que não era possível identificar de quem se tratava pois geralmente a lanterna iluminava o chão. Particulramente tive meu momento de aflição, mas por conta da atitude de um "cunhadinho" que inventei de levar como chá de pera. Luz apagada, passei o braço por sobre os ombros da namorada(Marlene) e sem querer toquei na cabeça do irmão, foi o que bastou, pegou meu dedo polegar e tascou o dente. Vi estrelas, a lua, planetas, e tive que engolir em seco. Quando finalmente largou,(o dedo estava anestesiado,não sentia nada) fiz de conta que estava tudo bem. De repente, peguei a orelha do cunhadinho e apertei, parecia querer arrancar. Uma grito de dor soou.. Lá veio ao seu Anibaldo, lanterna em punho. Levantei e calmamente falei ao seu ouvido: Desculpe amigo, o menino não regula muito bem da cabeça, assustou-se e não tive tempo de evitar. Não vai mais acontecer. De fato nunca mais aconteceu, nem mordidas, nem apertões, e muito menos amassos na Marlene nas tardes de domingo. Coisas da vida.
Próximo capítulo: Vanda minha grande paixão.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Nos tempos da brilhantina

No meu tempo de mocidade, a vida social aqui em Sapucaia era intensa. Claro, nem um pouco comparada com a de hoje, mas,a gente podia divertir-se. Tinha de tudo, alem dos pique niques, das pescarias, haviam os bailes, não só do Sete de Setembro, mas também do salão do Seu Estevão (onde hoje é o Clube Comercial) O Tres Pinheiros (ali próximo onde hoje está a Escola Alcides Maya) também podíamos competir com a turma de Esteio, nos salões de bailes e também nas "malocas" (barranco, Augusta,Coqueirinhos,Chimia).Naquele tempo não se usava o nome pomposo de "boate" era maloca mesmo ou "puteiro" "casa da luz vermelha". Por sinal de todas a minha predileta era a Boate Palmeirinha, ficava ali na BR 116 perto da Empresa FEBERNATI. Ali eu podia passar o tempo cantando Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, por uns trocados. Tinha até fã clube das meninas, que pediam as suas preferidas. As campeãs eram A volta do Boêmio (Nelson Gonçalves) e O Trovador (Altemar Dutra). Mas haviam outras opções,por exemplo, um programa de auditorio que acontecia aos sábados a tarde no Cinema Marabá. Apresentado pelo Enir Stumpf. Os candidatos faziam sua inscrição, no mesmo dia, eram chamados pela ordem,para se apresentar.Com um regional formado por outros Maloqueiros da época (Lola,Pelego,negão Valdir) era coisa simples, violão, pandeiro e gaita.Havia distribuição de brindes, mas o campeão era sempre o Jurandir ( neguinho jura) com seu samba Adeus Guacira. O programa tinha audiência um vez que era transmitido via rádio poste, isto mesmo uma rede de altofalantes que o Sr. Edegar, havia instalado nos postes que iam desde a frente do Clube Sete de setembro até mais ou menos onde se situa hoje o Supermercado Ouro Verde (primor) para divulgar a programação do cinema.Outra opção eram os jogos municipais de futebol, com o clássico Vera Cruz e Sapucaiense. Haviam outros bons times, o Sial,o Taurus,etc. O campo do Vera Cruz ficava aqui no lado direito da Rua Manoel Serafim, sentido bairro-centro. Ele pegava toda a área das proximidades do Armazém Primavera(na época) e ia até a beira da Rua do Clube Paladino. Ao lado da casa do falecido Germano Cardoso. Ali eu fazia a minha féria,para os matinées de domingo vendendo laranjas,bolinhos,Bergamotas,peras,maçãs enfim tudo que produzíamos na chácara. Como se percebe diversão era o que não faltava, e muitas brigas também, nas festas do Padre Gentil. Mas, isto fica para os próximos capítulos.
No proximo capítulo - As investidas do Lanterninha do Cine Marabá.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sinos, um rio pede socorro

As águas límpidas do córrego lá no alto da serra,aos poucos vão ganhando novos microafluentes, que saem das matas. Vagarosamente escorrem pelas pedras, pela vegetação típica da Serra do Mar,até tomarem ares de um riacho calmo, cujas águas seguem em direção a planície. Mas, ao tomarem formas mais agressivas,já como um caudaloso rio que banha as cidades do vale, o Sinos começa a receber uma carga de dejetos, esgotos sem tratamento, restos de cortumes, enfim tudo isto acaba por transforma-lo num grande manacial de sujeira. É dali que se recolhe, a água para apos vários processos de limpeza e purificação ser colocada à nossa mesa. Porém o Rio dos Sinos não era assim. Lembro-me muito bem de minha mãe,lavadeira,ajoelhada as margens do rio, lavando as roupas dos então estudantes do Seminário dos Jesuitas. Pagavam centavos por peças de roupa lavada. Era um ganho pobre e muitas vezes até de sacrifício, tal a sujeira com a qual se deparava. Nós, os filhos, ficavamos sentados com a água pela cintura, pés mergulhados nás águas tão claras e límpidas que se podiam ver pequenos cardumes de lambarís a beliscar nossos dedos. Após a lavagem da roupa, subiamos a barranca, em direção a casa. À tarde, na volta do trabahlo, meu pai buscava dois ou tres baldes de água e colocava na "tina" especie de reservatório de barro, era de onde se tirava água para todas as tarefas, desde o banho até para ser sorvida, diretamente, sem nenhum processo de limpeza ou purificação. E nunca, nenhuma daquelas crianças se preocupava com microbios,com envenenamentos, ou algo parecido. A água era limpa por natureza. A parte dos Sinos, que corta Sapucaia, começou a sofrer com a vinda para o municípios da Siderúrgica Rio Grandense,e as granjas de arroz pois como os processos de usinagem de materiais, exigiam resfriamento á água servida era largada diretamente no leito do rio.Assim como os venenos das lavouras. Até então era possível pescar todos os tipos de peixe. Jundiás,bagres,pintados,brancas,lambarís,, e até grandes dourados. Costumávamos acampar nas margens do Rio do Sinos, e ficar ali pescando e comendo na hora. dificilmente era feita uma "fieira" para trazer para casa. Hoje, comer um peixe que tenha saido dos sinos, pode ser considerado um perigo, prova disto são as "mortandades" de centenas,milhares de especies que seguidamente são noticiadas. A irresponsabilidade, da população, aliada a desonestidade e ganancia de alguns empresários, acabou por transformar o antigo rio num caudaloso manancial de esgotos. De nada valem os bilhões de reais investidos em obras de saneamento se o principal agente modificador do meio ambiente não sentir-se motivado a modificar seu hábitos, seus costumes. As gerações de hoje tem a responsabilidade de preservar as fontes naturais de recursos, para a posteridade. Hoje, já existem locais no planeta onde não há nenhuma possibilidade de encontrar água. Aos poucos os manaciais vão secando, sendo poluidos, exigindo mais e mais produtos quimicos, venenos. Nós, cobaias vamos ingenuamente bebendo, pagando, e sofrendo cada vez mais com doenças, pragas e sofrimentos. Nossas vidas vão pouco a pouco ficando mais e mais frágeis. e dependentes de novas drogas. A falta de alimentos talvez seja o primeiro sintoma, depois será á falta de água, depois? Depois o caos.

Próximo capítulo.
A vida social de Sapucaia nos anos 50

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O morro de Sapucaia.


Quem,do alto do morro de Sapucaia,dirigir seu olhar, seja para qual for o lado vai descortinar um panorama dos mais invejáveis, do vale do Rio dos Sinos. Dali, pode-se observar até onde alcançam as vistas diversas cidades da região, inclusive, com o uso de binoculos, é possível acompanhar as decolagens, e os pousos dos aviões no Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre. Segundo a obra Fisinomia do Rio Grande do Sul, do padre Balduino Rambo SJ a elevação tem cerca de 300 metros de altura. Ali, era um dos lugares mais procurados para os pique niques das famílias. Cercado de matas naturais, com enormes rochas que afloravam do solo os visitantes costumavam plantar o acampamento junto as grandes figueiras, que ali existiam. Depois o programa era em grupos escalar o morro ou aventurar-se a procura da única vertente de água. Esta, ficava bem ao pé, lado direito do morro. Seguia-se uma trilha até um determinado ponto depois era só encarar a descida, mais ou menos duzendos metros abaixo, e posicionar a "cambuca" no pequeno filete do líquido que vertia das rochas. Era uma água limpa, e já saia fresquinha do interior das pedras. Para não perder a ocasião costumavamos levar mais de uma bombona,ou cambuca, apanhando a água e no outro dia alguem ia busca-la. Depois do passeio, das investidas por dentro da mata, das trilha, era hora de preparar a janta, ou o almoço. Era outra festa, pois a gente costumava, invariavelmente esquecer alguma coisa, sal,fósforos, carne,açúcar e constantemente era a propria "comida" que havia sido deixada para trás.Como um grupo costumava ir de bicileta, outros a pé a tarefa de levar os mantimentos era sempre daqueles "motorizados", até porque, o trajeto normalmente feito (pelos bicicleteiros) era seguir pela Rua N.Srª. da Conceição, pegar a Theodomiro Porto da Fonseca, e seguir sempre em frente. Já o grupo dos que seguiam a pé, podia valer-se do inúmeros atalhos existentes(naquela época trilhas de formigueiros) uma vez que nem se falava em Av.J.P de Vargas.A Rua do Colegio das Irmãs acabava logo adiante, passando a casa do Seu Dirceu Silveira,( irmão da saudo D. Sibila) num grande declive. Dali, era só campo, uma casa aqui outra ali, maso o percurso era bem menor para chegar-se ao destino. Naquele tempo, mesmo sem nenhuma campanha de esclarecimento, era dificil alguem cortar árvores,arrancar galhos, não havia depredação. As pessoas respeitavam por entender que outros iriam vir, e deveriam encontrar o lugar intacto. Não estou dizendo que eram só santinhos, não, haviam os bêbados, os vândalos, mas eram em menor número.Não haviam cercas, não haviam locais desmatados para a gente caminhar, era tudo agreste, mata nativa. A noite, era encantador, observar as luzes ao longe e tentar adivinhar qual cidade poderia ser. Na verdade os passeios, quase sempre pernoite, que visavam o descanso ao ar livre serviam mais para uma canceira maior pois as farras, os jogos de carta, os causos, ocupavam a maior parte da noite, no outro dia, tava todo mundo quebrado. Um dos cartões postais da cidade o morro de Sapucaia tem sofrido com o vandalismo, e a ocupação desordenada do solo. Não tivesse sofrido a intervenção dos proprietários (Família Juliano) hoje com certeza, aquele pedaço vivo da Serra do Mar, já estaria totalmente tomado de casas, e de favelas. Aliás, aqui vale uma a todos os administradores que se sucederam, o pouco caso com que tratam as questões ambientais, acaba por matar literalmente os únicos locais "sagrados" ainda existentes. Nomeia-se qualquer "mané", geralmente com vínculo político, este faz e desfaz a seu bel prazer as besteiras que entende, corta, muda, atrapalha, mas preservar mesmo, só nas multas e nas conversas.


Próximo capítulo : Sinos, antes um rio, Agora um esgoto a ceu aberto.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Baiúca

Este é o nome carinhoso pelo qual se conhece o antigo prédio do antigo Ginásio de Sapucaia.A idéia de criar um ginásio para os estudantes de Sapucaia surgiu numa bela manhã de domingo quando na calçada em frente ao Cinema Marabá se encontraram os Srs. professor Pedro Reinaldo Scottá e o vereador Pedro Martins. Ná época eramos ainda sétimo distrito de São Leopoldo. Mas já pensavamos em independencia. Finalmente em 14 de novembro de 1961, o nosso saudoso governador Leonel Brizola criava o município de Sapucaia, coincidentemente, foi ele quem oficializou mais tarde, o Ginasio de Sapucaia. Tudo bem, o ginásio já existia, agora é procurar o lugar para funcionar. foram cedidas por emprestimo alumas salas do Grupo Escolar da Vila Silva, atual Escola Maria Medianeira. A construção, chamada na época de "brizoletas" pois acompanhavam o projeto original de milhares de escolas implantadas por Leonel Brizola pelo interior do RGS, era de madeira, mas já a estas alturas apresentavam desgaste, salas deterioradas, mal conservadas, enfim, por este motivo recebeu, numa roda de amigos e em tom de brincadeira, deste redator, o nome carinhoso de BAIÚCA. A primeira turma de alunos da baiúca (vide foto em artigo anterior) bem como as demais que se foram seguindo, puseram a mão na massa, literalmente. Fundamos o Grêmio Estudantil Castro Alves (GECA) do qual fui presidente. Era como um pé de apoio a todas as urgências que o novo ginásio apresentava.Ali se trabalhava mesmo, sem interferencia do "político". Falta de material, de professores,compra do material de secretaria, tintas para o mimeógrafo( a álcool), matrizes, para as provas, tudo era buscado por iniciativa de professores e o GECA engajados. Criamos um Grupo de teatro, formado por alunos das diversas salas. Nós mesmo, alunos e professoere redigíamos os "esquetes" selecionavamos os "atores" e partiamos para o espetáculo. De início usávamos a estrutura da própria sala de aula que permitia a abertura de uma parede divisoria, transformando-se num salão com maior capacidade. Ali, demonstravamos nossas habilidades,cantando,contando casos,anedotas, mentiras, enfim, valia tudo, para arrecadar uns trocos para a Baiúca. Tudo era motivo de comemoração, dia das mães,dos pais, dos avós, o negocio era faturar.Como as coisas evoluiram, passou-se a pensar em um novo local. Buscamos o Sr. Edegar, dono do "Cine Marabá" e conseguimos o local sempre que tivesse data vaga. Aumentou a receita. Muitos foram os namoros acontecidos ali na báiúca,naquele tempo não haviam exageros, nem em drogas muito menos nas bebidas, os relacionamentos entre estudantes eram coisas até ingenuas, o sexo não era liberal como agora, as moças eram mais recatadas. Existiam até aquelas "musas"disputadas por alunos, que faziam de tudo por um matinée ou por uma reunião no Sete de Setembro. Eu particularmente, tinha verdadeira adoração pro uma aluna da minha turma (não era só eu)ela era apaixonada pelo professor de biologia (professor Carlos Fossati) isto de certa forma me dava vantagem, pois sabia desenhar muitíssimo bem, então nas aulas de biologia, sempre o caderno dela acabava nas minhas mãos para que eu desenhasse aquelas coisas de biologia, aranhas,pernas,braços,lombrigas,vermes, coliformes,amebas. Em tudo eu punha o máximo de atenção, para mim eram obras de arte e os cadernos dignos de uma biblioteca. Mas era tudo sonho. A musa acabou casando com outro, vive feliz com a familia e somos amigos até hoje. Talvez, so agora lendo estas linhas vá descobrir que os desenhos na verdade estavam carregados de "terceiras intençõs". Mas, o colegio evoluiu, aumentou o número de alunos, e a comissão de professores, os alunos comandados pelo GECA, desencadeou uma "Campanha das garrafas, e jornais velhos", queriamos começar a construção do novo prédio. Era como um exercito de formigas, vinham garrafas e jornais de todos os lados. Chegou a ponto de "abarrotarmos" o velho porão.E os primeiros tijolos sairam do chão. A despedida da Baiúca, aconteceu com a nossa formatura (41N) no Cinema Marabá. Foi o acontecimento mais lindo, do qual participei em minha juventude. Uma festa simples,humilde,linda,alunos e alunas como só se vêem em filmes, da época, um a um os alunos recebendo seu dilpoma das mãos do diretor Professor Lothar Sommer, e do paraninfo Prefeito Arno Juliano, uma caneta luxo (para aquela época). Depois, um baile de formandos no Clube Comercial. O antigo prédio da Baiúca já não existe, muitos dos alunos da 41 N também partiram os "sobreviventes" se desagruparam. Confesso que tentei,sem sucesso buscar reagrupar os antigos alunos da Baiúca para de tempos em tempos confraternizarmos, mas o sonho acabou por ingerencia da maldita política. Nem mesmo os quadros das primeiras turmas formadas no ginasio foram respeitados, na época, o professor João Colombo Filho, mandou estocá-los num porão do novo prédio, ali, deteriorados pelo mofo, e pela humidade, acabaram sendo destruídos por um incendio cujas causas nunca foram exclarecidas. As lembranças, as glorias deste passado tão bonito ainda perduram na memoria dos poucos sobreviventes. A Baiúca ficou na saudade, hoje é Escola de 1º Gráu Maria Medianeira, o antigo Ginasio Estadual de Sapucaia, transformou-se em Colégio Estadual de Sapucaia mais tarde para Colegio Estadual Rubèm Dario atualmente Instituto de Educação Rubèm Dario. Tenho certeza de que para mim, tanto quanto para os ex-alunos ainda vivos, o nome pomposo esconde na verdade a velha BAIÚCA, que passou por cirurgia plástica, e devidamente siliconada.
Próximo capítulo: O morro de Sapucaia.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Imagem

A foto mostra alguns do alunos da "famosa turma 41 noturno.
Na foto maior: JOÃO DOMINGOS- hoje Capitão Pedro envolvido em movimentos sociais, JAI - autor do blog, - JOÃO SILVEIRA- Ex- pofessor ddo SENAI.
EVERTON, HUGO,JEANETE -por muitos anos presidente da APAE, EDEMAR, MARIA JOCI - sempre ativa nos movimentos sociais, principalmente do CONDICA -Isabel, e ERNI o "aranha"

Cine Marabá.

Por volta dos idos de 1950,Sapucaia do Sul, (Guianuba, conforme os mapas da RFF-RS) contava com uma sala que exibia filmes. Não era propriamente um cinema, mas, uma sala situada no prédio do Bar e Abrigo, junto a praça General Freitas.Por este mesmo tempo, veio residir na cidade um empresário de nome Edegar Helmuth Gergke, que começou a construção daquele que seria o primeiro prédio, destinado a um cinema. Com proporções bem avantajadas, para a cidade, que praticamente era reduzida a uma faixa de cimento que servia como elo de ligação entre os vários municípios. O novo cinema foi projetado e construído respeitando então novas tendencias,o piso levemente inclinado no sentido da tela de projeção, evitava que o espectador sentado a frente de outro não tivesse sua visão "tapada" por outro eventualmente mais alto. Também, muito comum na época, os casais de namorados, depois do "apagar da luzes" costumavam ficar de rostinho colado, o que, ocasionava um pequeno problema. Também as poltronas,tinham os assentos flexionáveis, permitindo que o espectador sentado, facilitasse a passagem para que outro ocupasse um lugar vago na plateia, com aproximadamente 600 lugares, o único inconveniente era o calor(depois suavizado com ventiladores de parede) que fazia no interior do prédio, pois para evitar ao máximo a claridade nas sessões de matinée, aos domingos, contava com poucas aberturas. O primeiro filme exibido no Cine Marabá, foi um clássico da época, O dia em que a terra parou. Em matéria de impacto, seria mais ou menos assim como O parque dos dinossauros. Foram três sessões com direito a formação de grandes filas na bilheteria, que aliás era comandada pela esposa do proprietário D. Vanda.Nesta época dois prédios foram erguidos quase que ao mesmo tempo, O cinema Marabá e a Farmácia Santo Antônio, do "seu Mário". O prédio da farmácia ficava no outro lado da rua, este ainda existente. Na grande área calçada que ficava em frente ao cinema, costumavam permanecer as pessoas, os casais de namorados, ou os frequentadores do Bar Marabá, anexo ao cinema. Também era grande o movimento em frente aos grandes cartazes que anunciavam os filmes da semana inteira. Para os jovens da época, faziam sucesso os flimes "seriados" tal como as novelas de hoje, já o público adulto preferia os clássicos bíblicos, Sansão e Dalila,O Manto Sagrado,Os dez mandamentos,Demetrius o gladiador. Mas, sem dúvida alguma nenhum deste filmes estrangeiros era capaz de bater com as produções nacionais, (em público)os filmes produzidos por Mazaropi, Casinha pequenina,Jeca Tatú,Jeca o cangaceiro, e tantos outros. Também as chanchadas produzidas por Herbert Richers, pela Atlantida causavam delírios nas mocinhas de então pois traziam muitas vezes a cena os galãs das radionovelas, costumava retratar os carnavais cariocas (com as primeiras peladonas) e algumas cenas mais sensuais. Já os Filmes de Mazaroppi, retratavam a vida do caboclo pobre do interior do Brasil, cativava pelo linguajar simples,carregado de trejeitos e sotaque caipira. A construção do Cinema Marabá, foi um acontecimento sem igual para o desenvolvimento e divulgação da cultura no município. Foi ali, no palco do inesquecível Marabá, que aconteceram vários espetáculos (noites culturais) protagonizados por estudantes da BAIÚCA (Escola Maria Medianeira) os quais buscavam angariar fundos para a construção de um novo prédio para o ginásio, (hoje Instituto Rúbem Dário). Foi ali, naquele palco que a primeira turma de formandos (1964) recebeu o seu diploma das mãos do diretor Prof. Lothar Somer, com os cumprimentos do paraninfo Sr. Arno Juliano,prefeio de Sapucaia na época O prédio do Cine Marabá, que poderia ter sido tombado, pelo município, assim como outros tradicionais sucumbiram pela voracidade dos modernismos, sua arquitetura simples (mas arrojada para a época) com o nome impresso em relevo na fachada, foi demolido, dando lugar a mais um deste templos religiosos. Uma pena, aliás, Sapucaia do Sul contemporâneo não tem nenhum prédio histórico tombado, ou restaurado,não tem museu, não tem hotel, não tem teatro. Povo sem memória,sem historia, e sem interesse em preservação, será sempre isto que é, ou seja, mais um entre tantos.

Próximo capítulo: A BAIÚCA, seus alunos, seus problemas, suas historias.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Uma Sapucaia..

Diferente,isto mesmo , uma Sapucaia do Sul diferente, muito diferente. Cidade humana, pessoas simples, hospitaleiras, tradicionais.Quando vim residir aqui nesta pacata "GUIANUBA", isto lá pelos idos de 1952, era para cuidar de uma chácara (Vila N.Srª.das Graças) que se situava ali na esquina das ruas Sete de Setembro, com Celestino da Silva, bem próximo ao então Cine Marabá. As marias fumaça, tinham horário certo para transitar, os trilhos da linha férrea passavam pelos fundos da nossa morada. Meu pai plantava de tudo, tínhamos um pomar completo,todos os tipos de fruta, na horta, verduras e hortaliças. Tínhamos uma criação de porcos, alimentados só com as frutas que caiam,ou com as sobras de verduras,e restos da horta. Para completar, plantávamos milho,feijão, aipim, e tudo isto também servia para a limentação dos porcos e galinhas (mais de 150). Ao final de cada dia um dos filhos,éramos quatro, tinha a imcumbência da lavagem dos chiqueiros, as tábuas deviam ficar limpas, branquinhas.A cada quinze dias era carneado um leitão (que eu particularmente detestava) Dali, tirava-se duas,tres, ou mais latas de banha, e carne que era cozida e guardada dentro das latas cheias de banha e depois lacradas.Naquele tempo não haviam Freezers, ou geladeiras para tanta carga, então meu pai costumava guardar tudo na "dispensa" uma peça enorme, de alvenaria com apenas uma pequena janela,que ficava estratégicamente colocada no espaço mais sombreado. Alias, em São Leopoldo morávamos numa casa de quatro cômodos,aqui, a chácara tinha 14 peças. Era enorme, um verdadeiro palácio. Todos os vizinhos eram pessoas boas, da nossa produção nunca vendemos nada, quem queria alguma coisa pedia, e a gente dava. Frutas,verduras,ovos de tudo.Meu pai era conhecido como "o GRINGO que podava parreiras". E foi ali que passei os dez anos mais felizes de minha juventude. As historias que seguirão, fazem parte deste cotidiano.As pessoas,os amigos, e vizinhos, muitas já não existem, os lugares foram modificados,mas as lembranças, ha, estas não vão sair da minha memoria nunca mais. Aqui fica um convite a voce que me acompanha: Se voce fez parte destas historias,participou de algum fato aqui narrado, comente, dê a sua versão, ajude-me a re-escrever fatos da nossa cidade.
..............................................................Segue......

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um novo período.

Aconteceu mais um NATAL, houve uma mudança de calendários, subimos mais um algarismo, e isto foi tudo. A presidente foi empossada com todas as honras,bem como os novos deputados, e senadores o serão em breve. Nós aposentados, seguindo a trilha dos aumentos deveremos ter nossos beneficios reajustados em 6,41%, bem abaixo portanto daquilo que doamos(+ ou - 70%) aos nossos ilustres representantes políticos. Se o novo período, vai ser bom ou não, compete apenas a nos decidir, uma coisa porém é certa, as dificuldades, as agruras, os sofrimentos serão,com certeza, nossas companheiras em 2011 até porque elas também a cada anos se aprimoram. Vamos rezar. Recolhidos em nossas casas,vamos fazer de contas que todos aqueles discursos, bonitos, aquelas palavras encorajadoras, tenha pelo menos um pouco de verdade,de sinceridade.Vamos torcer para que os Tiriricas a serem empossados parem de comportar-se como tal, e que nosso congresso passe a ser realmente a casa do povo, e não um picadeiro. Já a nível de Sapucaia, vamos acreditar nos projetos do Ballin, e vamos fiscalizar para que nossos vereadores não tentem com suas chantagens poíticas modificar, ou alterar aquilo que está dando certo. Vamos torcer para "advogados" não tentem tirar da cartola denúncias mirambolantes, processos idiotas, e acusações esdrúxulas para tenta ficar na vitrine de 2014. Aliá, para palhaçadas já basta a COPA DOS ALIENADOS. Em breve um MARESIAS diferente,novo design contando fatos e acontecimentos de uma Sapucaia do Sul de cinquenta anos atras. Suas figuras pitorescas,suas reuniões dançantes,historias da BAIÚCA,dos programas de auditório no CINE MARABÁ, dos Serviços de alto falantes do "seu Estevão". Enfim, historias e hestorias que nem o prefeito Ballin sabe.