segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O médico era cubano

                         
   
Todos já conhecem meu pensamento sobre o programa mais médicos do governo federal. Muito tenho escrito em defesa deste projeto, que, se não é o ideal, pelo menos vai ajudar a trazer um pouco mais de esperanças de alento para  aquela população que em muitas localidades não tem o mínimo em matéria de prevenção, e atendimento básico. Numa conversa em família, num domingo à tarde, vem à baila uma historia que merece ser contada. Um cidadão, sentindo uma dor incômoda no “peito do pé” procurou atendimento num destes postos de saúde do município. O profissional, zeloso como sempre, olhou, apalpou, examinou, e concluiu por pedir uma radiografia. Fez o devido encaminhamento pelo SUS, e a radiografia foi tirada. Voltou a consulta, desta vez com a “chapa” na mão. O profissional olhou, examinou, coçou a testa, e rabiscou numa folha um encaminhamento para um “especialista” pois a seu ver tudo indicava a necessidade de uma cirurgia. Nestas alturas do campeonato o cara já não podia quase andar,  apoiava o pé somente no calcanhar. O especialista examinou e confirmou a cirurgia. Mas, como havia um pequeno foco infeccioso, receitou alguns antibióticos e recomendou que o paciente voltasse alguns dia após.Mesmo com a ingestão dos medicamentos, a dor não passava, então uma amiga resolveu levá-lo a um médico diferente, noutro posto. Lá chegando o homem foi colocado numa maca, e o novo doutor fez nova revisão do local. Após examinar, calmamente, perguntou ao paciente se ele apenas sentia dor ou se também tinha muita comichão no local, o cara confirmou a coceira. Então o medico disse; vamos resolver o seu problema agora. Fez uma pequena incisão no local, retirou o prurido, e com ele o causador de tantos incômodos, um “bicho de pé”. Dois dias depois tudo normalizado, sem radiografia, sem internação pelo SUS, sem anestesia, sem burocracia, com mão de obra internacional pois o médico, este último que resolveu o problema, era CUBANO.Daí, vieram a minha cabeça as milhares de besteiras, de críticas, de chamamentos pela mídia com material pago, na tentativa de desmoralizar estes profissionais que estão aportando aqui pelo programa mais médicos. Quem pode garantir que a verdadeira inspiração para a criação deste programa não tenha sido exatamente o jogo de empurra, a burocracia de alguns dos nossos profissionais da saúde? Será que os “especialistas” que atenderam anteriormente o paciente, não sabia realmente do que se tratava? Será que tudo não passava de uma farsa covarde e bandida para sugar cada vez mais recursos deste sistema falido de saúde, mesmo com o sofrimento do paciente?Pois é, e o médico que resolveu era cubano.
Este fato é real, os nomes são preservados por uma questão de ética, mas a população tem o dever de conhecer casos como este para que se possa fazer uma análise imparcial do atendimento que está sendo dado a saúde dos usuários do Sistema Único de Saúde. Antes de virem aos jornais procurando boicotar a vinda destes profissionais sob as mais absurdas criticas e aos mais infundados artifícios deveriam estes conselhos, estas associações prestarem muita atenção ao que está ocorrendo dentro destes postinhos das periferias, onde muitas das vezes o tal “medico” sequer olha na cara o paciente. Onde já existe até um receituário padrão para as mais diversas dores e males; Analgésico, anti-térmico, melhoral ou novalgina, anti-epilético gardenal, anti flatulento, Gardenal, Anti-inflamatório Cataflan, anti-diarréicos Imosec, Floratil, Colestase. A vinda destes profissionais independentemente dos lugares onde vão trabalhar vai ajudar e muito na prevenção de doenças simples, mas que pela falta de um profissional acabam matando crianças e adultos. O que se faz urgente em nosso país é uma tomada de consciência de que vidas humanas estão sendo tratadas como lixo, em condições precárias, onde o paciente é tratado mais como cobaia do que como um ser humano que está sofrendo. O que temos que tratar com urgência é esta sangria covarde e criminosa nos cofres públicos com remendos que em nada ajudam. O reconhecimento do cidadão como objetivo principal de todos estes programas de saúde passam por muitas fases importantes, como a remuneração justa, para aqueles profissionais que realmente executam seu trabalho, com ética e profissionalismo, por condições adequadas de atendimento, por instalações de acordo com as normas e padrões estipulados pela organização mundial de saúde (OMS – ONU). Pelo respeito mútuo entre médico e paciente, pelo empenho em mais combater o mal do que olhar para o saldo bancário. O atendimento médico deve seguir os mesmos princípios independentemente de quem o está pagando, seja o particular, seja o SUS afinal o que se busca é a cura de um mal.O caso retratado no texto anterior nos remete para uma reflexão seria e madura do tipo de atendimento que estamos recebendo. E aqui renovo minha pergunta, será que realmente o médico desconhecia o problema ou estava apenas “enrolando” largando a batata quente na mão de outro colega? Dos males o menor, vamos acreditar que tudo não tenha passado de uma “enrolação”, pois se tivermos que admitir que nossos profissionais já não conseguem identificar um “bicho de pé” estaremos todos no mato sem cachorro.E este não era cubano.



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