terça-feira, 25 de novembro de 2014

Vinte e cinco meses

O que significa para você vinte e cinco meses? Bem, você responderia, se for de ferais é pouco ,mas, tudo bem, mas se for de cadeia é muito tempo, não é mesmo? Então vamos mudar a pergunta. O que você acha de ficar vinte e cinco meses sem a companhia da pessoa que você mais ama na vida, de uma companheira de mais de sessenta anos de vida em comum? Difícil responder, até porque ninguém deseja que isto lhe aconteça. Pois é, mas Seu Delmar, seus filhos, noras e netos alem dos amigos estão enfrentando este verdadeiro pesadelo. Ele é esposo de D. Beatriz Winck desaparecida lá no Santuário de Aparecida em São Paulo no dia 21 de Outubro de 2012. As buscas, as tratativas, as declarações, as entrevistas, os documentos, os valores gastos em viagens, as correspondências enviadas, as autoridades solicitadas a intervir neste estranho caso dariam para encher as páginas de um livro. Mesmo assim, passado todo este espaço de tempo não existem pistas do que teria acontecido com esta dona de casa. Que a segurança pública em nosso país está numa fase caótica ninguém duvida que estejamos cotidianamente expostos a violência desenfreada também não é nenhuma novidade, mas, uma pessoa desaparecer, sumir, evaporar em questão de segundos, isto é muito grave. Mais grave ainda quando se sabe de bilhões que são roubados, desviados da saúde da segurança vão parar nos bolsos de muita gente que deveria justamente estar legislando, nos ajudando na segurança das pessoas. Por incrível que possa parecer o Brasil hoje ainda não pode contar com bancos de dados oficiais com o número exato de pessoas desaparecidas. Criam-se mostrengos, artifícios para passarem população a falsa imagem de interesse de parte das autoridades responsáveis por estes sumiços, mas,na verdade não passam de burocracias sem nenhum fundamento técnico, sem nenhuma praticidade.Enquanto isto a mídia dedica alguns segundos,um canto de página, como se o fato não representasse algo anormal. Há poucos dias uma rede televisiva colocava um convite para que o telespectador enviasse sugestões de pauta, imediatamente corri ao computador juntei textos, e fotos sobre o caso de D. Beatriz e enviei. Sequer responderam ao apelo. Ao invés disto, diariamente pode–se acompanhar entrevistas com “famosos” e suas peculiaridades. Desde peitões a bundões tudo é notícia importante, menos alguém desaparecer misteriosamente, mesmo que isto signifique saudade, dor, tristeza as famílias envolvidas. Está mais do que na hora deste país acordar.

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