terça-feira, 20 de maio de 2014

Corpo no chão.


Recentemente uma tentativa de assalto acontecida aqui no centro de Sapucaia do Sul, onde um suspeito foi morto, aliás dois numa semana,abriu um debate pelas redes sociais. Alem da curiosidade normal nestes casos, com perguntas sobre detalhes do fato  apareceram muitos outros comentários. Teve inclusive quem resolveu postar a foto do corpo estirado no chão, não sei por que razão, mas enfim, coisas da informação. Mas, o que me levou a uma reflexão Foi o fato de encontrar muitos comentários de adeptos daquele tipo de falácia; Bandido bom é bandido morto, tem que matar,tem mais que mostrar o corpo ensangüentado,tem que mostrar os furos dos tiros coisas neste sentido, coisas de gente que escreve sem pensar,sem parar para refletir um pouco naquilo que via transmitir. Um fato com este, onde a morte acontece em plena via pública me preocupa não por querer estar defendendo bandidos e ficar contra as policias, afinal que erra deve pagar pelo erro, muito embora nem sempre com a morte. Porém quero ater-me a dois detalhes. Sempre afirmei ser contra a expressão “bala perdida” isto não existe. Todo projétil disparado tem um endereço, que não necessariamente seja o alvo pretendido, uma parede, uma placa, uma janela, um carro, um inocente. Ai está o ponto crítico. Fazer disparos em via pública, é como um tiro no escuro, pode acertar o alvo certo, mas, pode também atingir o alvo errado. A polícia treina, o bandido não, para ele nestes casos é vida ou morte, e se precisar descarregar o carregador de uma pistola às cegas, ele o faz. Mesmo a polícia tem lá suas deficiências nestes casos, existem exemplos onde o policial errou ao fazer uso de sua ferramenta de trabalho e acabou por matar um inocente. Este é um detalhe. O outro é colher a atenção de quem lê este texto para a banalização da morte. Antigamente mortes violentas eram tratadas de maneira diferente, não traziam detalhes, as fotos não eram tão explícitas, o fato causava impacto e a sociedade passava muitos dias comentando estarrecida sobre o fato. Hoje, com a violência em níveis alarmantes, a inoperância do estado, o desaparelhamento das forças policiais e o forte apelo ao consumismo acabam por nos afastar da imagem do ser humano com pessoa. Muitos foram os que me criticaram por  naquele momento, pedir aos responsáveis, por uma questão de ética, que retirassem a foto postada, eu estava pensando justamente nos familiares, pai e mãe daquele jovem, bandido tudo bem, mas também vítima de um modelo social podre, relapso, irresponsável. Será que para defender bens materiais vale a pena matar sem dó nem piedade? Confesso que estou muito preocupado com o que vem por ai.

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