segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Perdi um amigo.



Quais seriam, as palavras mais adequadas para definir a dor pela perda de um amigo? Tristeza? Sentimento de gratidão, lembranças boas? Para quem ama os animais não existem palavras de possam traduzir  o que a gente sente ao ver o corpo de um velho amigo deitado, como se dormindo estivesse,olhos cerrados, inerte. Ele veio fazer parte da família em junho de 1999, justamente num dos períodos mais tristes da minha história, eu me desligava da maior e melhor empresa pela qual  já passei, a CEEE. Havíamos ido passear nas casas do Salto (colônia de ferais) em São Francisco de Paula, e na volta ganhei aquela bolinha peluda a quem damos o nome de KIKO. Veio dentro de uma caixa de papelão, junto aos pés da Margareth. Na chegada, meio bicho do mato, enfiou-se debaixo da casa, só saia para alimentar-se. Mas um agrado,um carinho, despertou no Kiko o sentimento de parceria, de amizade, de companheirismo para com as pessoas da casa principalmente para mim um cachorreiro de carreira.Durante quinze anos ele foi o guardião da casa,e o companheiro com quem passei longas tardes “conversando” alisando o longo pelo, dando banhos e penteando sua longa juba. Confiava tanto nele que cheguei a lançá-lo candidato a prefeitura. Mas, a marcha inexorável do tempo afetou juntas ,as vistas,vieram as doenças clássicas da velhice, e o corpo já cansado de meu velho amigo perdeu as resistências. Travamos (eu e ele) uma batalha incrível contra a morte, alimentei-o várias vezes com a mão, colocando alimento na sua boca, nos dias de muito calor tinha o seu lugar reservado com um ventilador o dia inteiro a sua disposição. Não fiz o bastante. Ontem, levantei cedo, fui até a oficina, onde ele ficava e o senti pior. Sentei no banco a sombra do ingazeiro onde tantas vezes ficamos a “dialogar” levantou-se com dificuldade, veio até junto de mim e deitou-se com o focinho apoiado nas patas dianteiras, olhando para mim .Estava se despedindo, deitou a cabeça de lado e teve alguns espasmos,morreu em seguida, e eu desabei, chorei como criança, enquanto mantinha seus olhos fechados e acariciava o pelo brilhante. Meu velho amigo, após despedir-se havia partido. Ainda fiquei ali por longo tempo, não queria aceitar a triste realidade. O amor incondicional, a lealdade, o companheirismo, os momentos de alegria proporcionados pelo Kiko ficarão na nossa memória para sempre. E, como diz Chico Xavier, nestes momentos o animal não quer tristeza, seu espírito fica ali, por muito tempo, ele libertou-se da dor e do sofrimento, não quer o mesmo para seu amigo. Mas,confesso, é muito difícil lembrar tantos momentos bons sem que venham lágrimas nos olhos.

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