sexta-feira, 7 de março de 2014

Alagados e esquecidos.



Quando escrevo, gosto de provocar no leitor algo que incite sua curiosidade, que faça com que leia o texto até o fim.  Sendo assim, convido-os para me acompanharem por um passeio pela Av. Republica aqui na cidade de Sapucaia do Sul. Ela tem início na Avenida João Pereira de Vargas e se estende até a ERS 118, um total de 481 metros. Tem um grande trecho asfaltado, canteiro, ou projeto de canteiro central, na maioria do seu trajeto. Vamos nos fixar no trecho que vai da Theodomiro Porto da Fonseca até a ERS 118, pouco mais de 213 metros de extensão. Vamos montar uma casa, na parte final deste trecho, mobiliá-la, pintá-la, fazer um jardim, plantar árvores, fazer a calçada, pagar os impostos, e tentar, de alguma forma levar a vida como milhares de brasileiros batalhando o dia inteiro para pagar as contas, mas, ao final do dia ter um lugar sossegado para descansar. Isto, teoricamente, seria o desejo de alguns moradores desta “avenida”. Era assim que vô Jacinto (nome fictício) pensava quando construiu sua casinha. Cai a tarde, no horizonte, nuvens começam a mover-se, pesadas negras, um vento morno começa a soprar. Vô Jacinto, conhecedor, tarimbado de outras épocas já começa a franzir os cenhos, caminha de um lado para o outro impaciente, olha para o céu. Ele sabe o mundo vai desabar. Então é hora de começar a velha rotina, paus, tijolos, tábuas tudo o que tiver pela frente e que possa servir de apoio é buscado, as coisas dentro de casa são suspensas os vizinhos se ajudam, bate o desespero, crianças são levadas para outras casas na parte mais alta da rua, vem o temporal. Agora, tudo fica nas mãos de Deus. A água começa a invadir tudo, vem aos roldões, invadindo a calçada, o jardim, a casa, subindo pelas paredes, inutilizando tudo aquilo que não pode ser erguido. Pessoas gritando, pedindo  ajuda. Este é o cenário natural de um dia de chuva ali na Avenida República, e em mais de vinte pontos de alagamento na cidade. Descaso, desrespeito, falta de consideração de gestores que não param para pensar quando modernizar algumas áreas. Não, não sou contra a duplicação, da ERS118, só acho que os técnicos tanto do DENIT, quanto das secretarias estaduais e municipais estudassem antes de obstruir bueiros e córregos, como vai ficar a situação destas pessoas que moram nestas áreas alagadiças. Ninguém precisa ser engenheiro ou ter cargo federal para ver que existe um desnível de quatro metros entre o piso da “avenida “ e o leito da estrada estadual. Ora aquilo virou uma “taipa” ,Obstruíram o único dreno, que permitia o escoamento.Vô Jacinto como tantos outros vai continuar a pagar seus impostos, muito embora saiba não poder contar nem com prefeito,muito menos vereadores interessados em resolver o problema. 

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