quinta-feira, 20 de março de 2014

Cartas inesquecíveis


Minhas aventuras no reino das correspondentes, não posso negar, me proporcionaram muitas alegrias, mas,também muita incomodação .  Não  tenho nem idéia da quantidade cartas recebidas, assim como de todas as que respondi. Sei, que em todas as respostas seguia conforme prometido um acróstico. Na época, estudava no ginasial, aqui na cidade mesmo, e  tivemos que fazer uma foto para o quadro de formandos. Não havia  as modernidades de hoje e as fotos mostravam  o rosto tal qual era realmente, sem retoques,sem maquiagens. Tive sorte, a minha foi uma das mais bonitas (opinião das colegas) e passei a enviar junto com as poesias uma foto. Piorou a situação, perdi o controle das cartas e das fotos, pois daí em diante todas as meninas começaram as enviar fotos. Fiz uma coleção muito valiosa. Mas, das milhares de cartas recebidas, duas me detiveram sempre a atenção, uma era de Santa Cruz do Sul, seu nome Marli Reni Richardt, era loira,bonitinha,cabelos longos,olhos azuis e uma pele que parecia de boneca.Escrevia muito bem, e sua peculiaridade era o tamanho das cartas, as vezes até mais de sete folhar de caderno, fazia questão de contar tudo o que havia se passado na semana,enviava poesias,recortes de jornal, tudo o que achava interessante ela colava nas cartas e enviava, Talvez por isto nunca mais a esqueci.. Um dia ela informou que estavam organizando uma excursão para conhecer o Zoológico de Sapucaia, e gostaria de me conhecer pessoalmente. Eu tinha uma bicicleta, convidei um amigo e lá fomos nos. O combinado era de que eu a procuraria entre as dezenas de ônibus no estacionamento. Ela , para facilitar a identificação descreveu a roupa com a qual viria e que ficaria parada bem na frente do carro, no estacionamento. Quando os carros começaram a estacionar, eu e meu amigo meio que de longe, de uma parte mais alta íamos monitorando, até que de repente alguém se põe a frente de um dos carros. Identifiquei-a imediatamente, estava como na foto. Fui até ela, reconheceu-me de pronto, e ficamos ali como dois babacas nos olhando, mudos, sem saber o que dizer,nem fazer. Asado o impacto da surpresa, o resto do dia foi só de festas e passeios. Marli continuou a escrever ainda por muitos anos, depois sumiu no mapa. A outra correspondente que deixou marca  chamava Irma Mara da Rocha Alberti, era de Uruguaiana, mas desta falarei no  próximo texto.

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