sexta-feira, 15 de maio de 2009

Minha Voz 23

A Minha Voz 23
Jaí Antonio Strapazzon.
O tempo

O grande algoz da humanidade. Inexorável, veloz, matreiro, implacável ele nos faz de joguete, nos encaminhado sempre para mais alem do ponto de partida. Amigo, inimigo, a verdade é que ninguém ainda descobriu uma maneira de fazê-lo parar, as dores, as doenças, as dificuldades todas estas marcas profundas que nos afetam seriam freadas e nos tornaríamos uma espécie de robôs, com movimentos mecânicos, lentos e objetivos, caso isto viesse a acontecer.
Em compensação, o conhecimento, a cultura, o discernimento até o próprio entendimento da nossa existência ficaria muito comprometido. Muito mais importantes do que as transformações que ele impiedosamente impõe ao nosso corpo são as alterações as quais nos deparamos com o nosso cérebro.

Este fantástico gerador de eletricidade, capaz de comandar uma rede de milhões de quilômetros de filamentos nervosos por toda a extensão do nosso corpo seja, talvez a parte mais importante que é afetada pelo tempo.Sob seu comando caminhamos, nos movimentamos, nos alimentamos, odiamos, amamos, traímos.

O tempo foi criado para nos ensinar que não somos donos de nosso próprio destino, podemos trilhar os mais diversos caminhos, mas estaremos sempre atrelados a um princípio básico que se resume em três etapas, nascer, viver, morrer. Este ciclo é irreversível, pode uma máquina conservar um corpo indefinitivamente, porém, não conseguirá mantê-lo saudável, ágil e em condições de sobreviver por si só.Forçosamente na ponta inicial desta máquina estará outro ser humano, para lhe dar suporte, manutenção, estímulos.

Engraçado, como não sejamos capazes, de entender quão frágil é esta máquina.Um simples tombo, uma queda muitas vezes sem importância, pode num minuto tirar nossos movimentos, todos ou um só, lado direito, lado esquerdo. Basta que um pequenino vaso sofra uma interrupção, uma célula seja afetada, e pronto o bicho homem já não apresenta mais perigo.Sua fortuna, seus amigos, seu prestígio, todo o eu patrimônio fica restrito a uma cama de hospital, mais sofisticada ou menos, mais rica ou menos, não importa, é ali que vai permanecer é ali que vai lutar para driblar o golpe do tempo.

O tempo, somado ao conteúdo de tudo aquilo que assimilamos é que nos determina se nossa passagem por este mundo, valeu a pena. O problema é que muitas vezes não o temos o suficiente para inventariar nossa existência.

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