terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Eu vi Nossa Senhora.



Minha infância foi vivida em sua totalidade, ali na Rua Praia de Belas em São Leopoldo, nas casas que ficavam situadas no local conhecido  como  “ Coxilha”,era uma área situada atrás da Fábrica de papel e papelão Justo e Cia. As casas eram pequenas e a que alugávamos ficava de frente para a rua Praia de Belas, na margem esquerda do Rio dos Sinos. A parte dos fundos destas casas eram praticamente tomada pelos banhados que se formavam quando no período das chuvas.Depois, com o tempo, iam secando, restando apenas sua vegetação característica, os maricás, e alguns pontos com aguapés e marrequinhas. Quando menino,tinha seis para sete anos, sempre tive muita dificuldade para caminhar, mesmo assim nunca deixava de participar das brincadeiras com os amigos da vila. Minha mãe, era lavadeira, lavava para casas particulares e também pegava roupas de cama do seminário dos padres, ali naqueles prédios próximos a igreja matriz. A roupa era buscada nas casas e no seminário, depois de lavadas e passadas eram novamente entregues. Nestas ocasiões, minha mãe costumava deixar-me em casa, até porque, era muito difícil acompanhar ela e meu irmão com as trouxas de roupa na cabeça ir das proximidades da Fabrica de papel até o centro de São Leopoldo. Numa destas ocasiões, estava só em casa. Como havia chovido muito, o banhado aos fundos da casa estava cheio, o que não permitia brincar no pátio. Estava à janela, nos fundos da casa, quando vi, sobre uma árvore uma espécie de nuvem branca se formando, parecia um monte de algodão que alguém havia colocado. Em segundos, uma figura de mulher, toda de branco, com uma espécie de cordão cheio de bolinhas nas mãos. Em sua cabeça tinha uma coroa, e sorria de maneira muito terna e calma. Deveria ser mais ou menos dezoito horas, já estava escurecendo, mas a sua volta parecia ter uma luz muito brilhante. Eu queria gritar, mas a voz não saia, era um misto de medo, e perplexidade. Eu tremia, então fechei os olhos, quanto voltei a olhar novamente aquela imagem estava sumindo bem devagarzinho. Naquela época, era comum o Padre Santini( Pe. Candido Avelino Santini) descer a rua com sua bicicleta, para confessar os funcionários da fábrica de papel para a páscoa dos operários, na ocasião ele distribuía santinhos para as crianças que rezassem as orações que ele pedia. Foi numa destas ocasiões que ganhei um santinho e ao observá-la vi a mesma senhora que estivera sobre a árvore. Apontei para a figura e gritei:- Padre, padre eu vi esta senhora, ela estava sobre aquela árvore ali, apontando para o maricá. O padre, olhou-me com doçura, passou a mão na minha cabeça e disse sorrindo: Deus te abençoe meu filho. Por mais de três vezes vi a mesma imagem, agora já não tinha mais medo, gostava de ficar ali admirando aquela figura  tão bonita ,aquela luz tão branca. Quem não gostou nada de saber da historia foi meu pai e minha mãe. Pensavam ser um aviso, pois eu sempre fora muito doente, e as sequelas da poliomielite me faziam muito fraco e magrinho. Temiam que minha vida não seria muito longa. Hoje, passados sessenta e nove anos e nove meses desde que fui acometido pela “paralisia infantil” (este era o nome na época) ainda guardo na memória aquela aparição dos tempos de criança. Se, era um aviso, se era um prenúncio foi realmente só de coisas boas.E tenho até hoje guardado o santinho recebido do padre Santini.  

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