quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Mensalão.
Tudo o que se falar,tudo o que se disser a respeito deste julgamento, acredito que não mudará o rumo da história. Por detrás das cortinas, nas coxias deste magistral espetáculo teatral já está definido o “gran finale”. Como que numa espécie de provocação, de deboche, de sarcasmo para com todos os espectadores os vilões deverão sair livres, decreta-se a morte da justiça, sepulta-se a ética ,a honestidade e todos os demais anseios de uma sociedade ferida,humilhada.Ficamos, todos nos ,boquiabertos ,pasmos,ao pressentir o desfecho deste rumoroso caso. Ainda soam em nossos ouvidos as frases empolgadas, os jargões jurídicos, as belas e ameaçadoras citações dos mestres do direito internacional. Todos, unissonamente desempenhando o seu papel, de um lado os homens togados em cujos quais, ate então, se acreditava serem imunes as tentações mundanas. Homens que pelo seu saber, pela sua índole, pelo seu passado nos levavam a acreditar que os ímpios desta vez seriam aniquilados. De outro lado, homens não menos inteligentes, advogados experientes, muitos juízes aposentados, conhecedores de todos os meandros de nossa justiça remendada, esfarrapada, maltrapilha. Aos primeiros deu-se a tarefa de estudar, tentar acomodar as acusações dentro de conceitos que pudessem efetivamente levar a justiça. E, convenhamos teoricamente foram verdadeiramente aulas de direito não só para platéia formada por estudantes que viam ali uma oportunidade de aprender com os grandes mestres,mas, a todos nós que fazíamos parte da platéia, por todoso s pontos do país. Já, aos advogados de defesa competia desmontar tijolo a tijolo a muralha de teses que tentavam segregar do convívio social os acusados. Tinham estes homens o dever de provar que o ladrão não roubara o corruptor não corrompera, e que na verdade os réus ali presentes eram apenas e tão somente homens ingênuos. Foram meses de tortura para todos os envolvidos, mas, principalmente para o povo que até então, sedento por justiça, ansioso pelo desfecho, acompanhava  cada voto dos doutores da lei.Vieram condenações. Aplausos de um lado, críticas do outro. Porém, o que na realidade estava acontecendo era apenas um intervalo naquele tragicômico espetáculo, havia digladiadores que teriam que ser substituídos, havia direitos que na teoria, teriam sido olvidados. Era a tábua a qual os náufragos haveriam de agarrar-se, até porque, ao longe já se avistava o escaler salvador. Costuma-se dizer que sentença de juiz é para ser cumprida, e não discutida. É verdade, só que com uma ressalva; isto é para quem pode e não para quem merece ou quer. A justiça verdadeira, aquela cega e impiedosa custa muito caro. Derrubar teses, anular teorias exige valores, não interessa a origem destes valores, como também não interessam os clamores públicos. A ética, a honestidade a decência todos estes conceitos vão dormir no fundo das gavetas quando o que está em jogo são interesses escusos, sujos. Fica quase que impossível caminhar pelos porões da lei com uma toga impecável, quanto tanto lodo está envolvido. Os réus, os valores, os verdadeiros motivos que levaram esta avalanche de denúncias a desembocar nas poltronas dos nobres ministros, a história jamais saberá. Os porquês de alguns ministros mudarem agora seus posicionamentos, seus conceitos, suas atitudes chegando às raias de se ofenderem em público, estas verdades ao povo jamais será revelada. Isto porque é preciso ainda que com todas as suspeitas e dúvidas sobre a nomeação de alguns destes verdadeiros atores cômicos a imagem do Supremo deve continuar a ser reverenciada, não pode sofrer arranhões. Agora uma nova fase, um novo ato neste triste desfile teatral. Nossos ministros do STJ deverão amargar as penas de terem sido reduzidos apenas a coadjuvantes, a certeza de que seus saberes não são lá estas coisas, pois não conseguiram alicerçar devidamente os pilares das muralhas atrás das quais ficariam presos os condenados. Aos ex-condenados a liberdade, ainda que duvidosa, e  aos ilustre defensores desta quadrilha, sejam creditados os devidos honorários, não importando a origem do dinheiro que recebem. Ao povo? Ao povo resta apenas baixar a cabeça e limpar o cuspe que nos foi jogado na cara. Brasil, um rascunho de democracia que dever ser passado a limpo

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