Vida de cão.
Por mais que a humanidade tente, por mais que as religiões,
os cultos, as crendices se esforcem não se visualiza num horizonte próximo o
dia em que passaremos a valorizar mais os sentimentos puros, o entendimento de
que aqui, sobre a face deste planeta somos todos visitantes. Não existe um dono
absoluto e eterno. Aqui, nada nos pertence. Os bens materiais servem apenas
para que uns mais abastados sobrevivam melhor do que outros menos afortunados.
Na hora da despedida, a gente vai entender que o caixão, por mais luxuoso que
possa ser não tem gavetas, não tem cofres, e que mesmo se fosse possível levar,
ouro,dinheiro,jóias,escrituras documentos de posses valiosas como
jatinhos,mansões ,fazendas nada disto teria valor algum. Apodreceria como o
nosso corpo um dia vai apodrecer. Então, porque não exercitar nossa capacidade
de amar? De tentar mudar o mundo com atos de amor, de caridade, de humildade?
Dar um basta a estas fachadas do faz de conta, do eu sou mais, eu posso? Estou
fazendo toda esta introdução movido por um sentimento de revolta, infelizmente
não posso apontar o meu alvo nominalmente, não por medo, nada disto, mas,
apenas por não saber ao certo o nome do covarde, do crápula,que ordenou,que deu
a ordem para tamanha brutalidade. Não me interessa se foi ordem da prefeitura,
do gerente,do superintendente, pra mi é tudo a mesma panela, então passo o
rodo. Há muito tempo, ali bem junto a grade que sobrou sobre o passeio público,
com a construção da rampa para acesso ao prédio da Caixa Federal em São
Leopoldo existia um cachorro que fazia o local de morada. Um velho cachorro,
abandonado talvez pelo dono, que ao ver que já estava velho e doente preferiu
jogá-lo ao tempo ao invés de procurar um abrigo, já que agora ele, o cachorro,
precisava mais do que nunca alguém que lhe desse carinho, amor, no fim de sua
existência. Certo ou errado, não interessa, as pessoas ajudavam, mantinham-no
alimentado, com relativa segurança. Naquele local também costumavam dormir
estes farrapos de vida, bêbados, drogados que buscavam o refúgio para as noites
de descanso. Mas, um dia destes o local amanheceu fechado com grades. Idéia de
não se sabe de qual cabeça fraca,talvez incomodado pelo cheiro,
pelas companhias,que destoavam da grandiosidade do banco federal acharam por
bem fazer como o avestruz,enfiaram a cabeça no buraco ao invés de buscar
solução,e assim o Tigre voltou a ser morador de rua. Medida antipática e burra.
Como se fosse a caixa modelo de atendimento. Como se a catinga do cachorro ou
de seus companheiros fosse pior do que o odor fétido dos juros cobrados por
estas instituições bancárias.
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