quarta-feira, 11 de setembro de 2013


Vida de cão.

Por mais que a humanidade tente, por mais que as religiões, os cultos, as crendices se esforcem não se visualiza num horizonte próximo o dia em que passaremos a valorizar mais os sentimentos puros, o entendimento de que aqui, sobre a face deste planeta somos todos visitantes. Não existe um dono absoluto e eterno. Aqui, nada nos pertence. Os bens materiais servem apenas para que uns mais abastados sobrevivam melhor do que outros menos afortunados. Na hora da despedida, a gente vai entender que o caixão, por mais luxuoso que possa ser não tem gavetas, não tem cofres, e que mesmo se fosse possível levar, ouro,dinheiro,jóias,escrituras documentos de posses valiosas como jatinhos,mansões ,fazendas nada disto teria valor algum. Apodreceria como o nosso corpo um dia vai apodrecer. Então, porque não exercitar nossa capacidade de amar? De tentar mudar o mundo com atos de amor, de caridade, de humildade? Dar um basta a estas fachadas do faz de conta, do eu sou mais, eu posso? Estou fazendo toda esta introdução movido por um sentimento de revolta, infelizmente não posso apontar o meu alvo nominalmente, não por medo, nada disto, mas, apenas por não saber ao certo o nome do covarde, do crápula,que ordenou,que deu a ordem para tamanha brutalidade. Não me interessa se foi ordem da prefeitura, do gerente,do superintendente, pra mi é tudo a mesma panela, então passo o rodo. Há muito tempo, ali bem junto a grade que sobrou sobre o passeio público, com a construção da rampa para acesso ao prédio da Caixa Federal em São Leopoldo existia um cachorro que fazia o local de morada. Um velho cachorro, abandonado talvez pelo dono, que ao ver que já estava velho e doente preferiu jogá-lo ao tempo ao invés de procurar um abrigo, já que agora ele, o cachorro, precisava mais do que nunca alguém que lhe desse carinho, amor, no fim de sua existência. Certo ou errado, não interessa, as pessoas ajudavam, mantinham-no alimentado, com relativa segurança. Naquele local também costumavam dormir estes farrapos de vida, bêbados, drogados que buscavam o refúgio para as noites de descanso. Mas, um dia destes o local amanheceu fechado com grades. Idéia de não se sabe de  qual  cabeça fraca,talvez incomodado pelo cheiro, pelas companhias,que destoavam da grandiosidade do banco federal acharam por bem fazer como o avestruz,enfiaram a cabeça no buraco ao invés de buscar solução,e assim o Tigre voltou a ser morador de rua. Medida antipática e burra. Como se fosse a caixa modelo de atendimento. Como se a catinga do cachorro ou de seus companheiros fosse pior do que o odor fétido dos juros cobrados por estas instituições bancárias. 

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