Pirraça.
Até algum tempo atrás, este historia de alvarás era
pura,conversa mole, não havia, nem muito menos, nunca houve um real interesse
em fazer com que as coisas funcionassem como de fato deveriam funcionar. A
segurança era fator quase que utópico, Se depois de pronta a obra tudo
estivesse funcionando a contendo ,estava tudo certo. Ia até a prefeitura,
conversava com um amigo, um engenheiro, ele estipulava um tempo determinado
findo o qual o sujeito saia com o papel na mão, alvará liberado, obra acabada,
todo dentro dos conformes da lei. Mas, tinha algumas vezes em que a coisa era
por demais mascaradas, nem mesmo com a cumplicidade de algum “amigo” era
possível fazer com que o maldito alvará saísse, então entrava em cena o “objeto
misterioso” a gorjeta. Dificilmente os bombeiros entravam em cena. Não estou
dizendo, ou querendo insinuar que isto não aconteça mais, apenas que ficou mais
difícil. Com o evento da Boate Kiss em Santa Maria, talvez motivados pelo
horror, e pelo impacto da tragédia passou-se então a se exigir mais dos
responsáveis pelas liberações de alvarás. O elevado numero de vítimas, num
ambiente totalmente desprovido das mínimas condições de funcionar numa
atividade daquela magnitude, levou algumas autoridades a repensarem nas
facilidades de obtenção bem como na fiscalização da observância fiel de todos
os itens considerados fundamentais para que novas tragédias como aquela não
voltassem a acontecer.Isto, aliado ao fato de terem alguns soldados terem sido
indiciados pela ocorrência, parece ter despertado um verdadeiro estado de
pirraça, por parte daqueles responsáveis por estas fiscalizações. De lá para cá
o que se vê é uma verdadeira guerra, aquilo que antes era considerado
supérfluo, banal, sem perigo virou verdadeiro pavor. Tanto é que não poderemos
duvidar que mesmo acampado, numa barraca, a beira de um rio com apenas um
fogãozinho a lenha para fazer a refeição, de repente surja a nossa frente um
bombeiro com uma planilha, equipamentos eletrônicos para medir a intensidade da
fumaça, e nos interrompa o pique nique até que as condições de segurança sejam
todas satisfeitas. Ora, está claro que existe em tudo um exagero demasiado,
acidentes acontecem onde falha a prevenção, e esta meus caros, não começa com a
revisão feita pelos bombeiros, ela começa muito antes, com a escolha dos
materiais a serem usados, do profissional responsável, com a competência da
equipe de operários, na observação das normas de segurança, no cumprimento fiel
da legislação vigente. Agora vale a máxima; se fomos irresponsáveis por não
fiscalizar, agora vamos exigir extintores até no banheiro, só por pirraça.
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