terça-feira, 14 de maio de 2013

Administrar.



Fui, no decurso desta minha vida, ocupante de muitas cadeiras importantes, ocupei cargos de relevância, fundei associações, fui presidente de outras tantas, não tenho a conta das tantas vezes que ocupei o cargo de secretário, muito menos do número de atas que redigi. Em minha opinião sem nenhuma dúvida o que mais me enalteceu e do qual tenho as melhores recordações, foi o de Delegado presidente do SENERGISUL, Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul, onde tive a confiança dos colegas para exercer por dez anos consecutivos o cargo de delegado presidente, e também de diretor, junto a direção estadual. Lutei, muito, briguei, discuti sempre com o respaldo de colegas de diretoria que jamais me abandonaram. Juntos ganhamos muitas causas, recuamos muitas vezes,mas,sempre de cabeça erguida. Discutindo de igual para igual com o patrão. A tônica de nossas relações entre companheiros de diretoria é de que todos tínhamos o mesmo espaço, todos tínhamos direito a opinar, por mais diferente que fosse o posicionamento. 

Quando decidi que era hora de trocar os comandos ajudei a eleger o meu substituto, inclusive derrotando o candidato (situação) indicado pelo presidente estadual que na época era deputado estadual (Antonio de Pádua Barbedo). Em todas as diretorias q onde ocupei cargos, jamais faltou um centavo que fosse nas prestações de contas,não admitia. Sempre foi uma questão de princípios. Jamais aceitei imposições de hierarquia, quando cheiravam a subserviência,nunca calei frente a injustiças, bem como jamais abri mão de chamar a mim a responsabilidade pelos atos quando nos comandos de greve. Jamais fui punido, nunca fui preso ou sequer chamado a dar explicações a juiz,delegado ou a quem quer que fosse. Sai da AES/SUL com carta de elogios e agradecimentos pelos serviços prestados. Meu último cargo ocupado foi como presidente da USAPEN ( União Sapucaiense de Aposentados e Pensionistas). Na época, fui como que uma tábua de salvação, pois não haviam pessoas que se dispusessem a representar a entidade. Convidei alguns amigos, e prometi a então presidente, de que o meu principal objetivo seria não deixar as portas da entidade fechar e na medida das possibilidades fazer alguma coisa em, prol dos associados. 

Passamos por sufoco  Sem quadro de associados, que gerassem renda,sem auxílio de espécie alguma a não ser algum galeto ou comemoração que se realizassem. Assumi a entidade com as contas num elevado valor, água,luz,telefone eram de valores exorbitantes.Conseguimos equilibrar,diminuímos o horário de atendimento (só pela tarde) para que pudéssemos pagar a atendente. Reformulamos o convênio com o Dentista, pois cheguei a conclusão de que na verdade a USAPEN da maneira como pagava parcelas para o médico estava mais para um consultório de luxo, onde quem ganhava era apenas o Dr. E a entidade pagava todos os outros encargos. Reformulamos, o convênio. As contas muitas das vezes foram pagas com dinheiro do próprio bolso . Os absurdos que eram cobrados pela OI nas faturas telefônicas exigiram negociações às vezes durante vários meses. Eram erros sobre erros. Não tínhamos, e acredito que ainda não tenham, receitas. Mensalidades com valores que variam entre cinco e dez reais, não chegavam nem mesmo para pagar as despesas com a atendente. Mas conseguimos segurar o barco. Cumpri com o compromisso assumido de não permitir o fechamento da entidade. Agora precisávamos de nomes para compor a nova diretoria. Nova dificuldade, não haviam pessoas disponíveis. 

Na primeira Assembléia, mesmo com quorum não foi possível eleger ninguém. Remarcamos nova data, e novamente faltavam nomes. E aqui, que me desculpe o atual presidente, pela primeira vez em toda a minha vida, sofri um golpe pelas costas, uma punhalada traiçoeira. Eu havia entregue ao Érico Bombardelli (presidente na nova chapa) a relação de nomes da nova chapa para apresentação em assembleia, com seu aval, sua concordância. Numa reunião antes da assembleia, novamente estavam faltando nomes (haviam mudado a configuração estabelecida entre eu e o Bombardelli. O meu nome havia SUMIDO, e agora novamente a chapa oficial estava incompleta. E não havia mais tempo hábil para sair a procura de nomes, até porque a documentação precisava ser registrada em cartório. A nossa relação estava  tudo certo. Mesmo sabendo que haveria uma chapa inscrita coloquei como item dois da ordem do dia a decisão de encerrar as atividades da associação, por não haverem candidatos. Eram uma alternativa, pois não poderia protelar a assembleia, ou apareciam candidatos ou fechávamos a entidade.Perguntei o porque do desaparecimento do meu nome, ninguém falou nada,ninguém sabia quem havia determinado a retirada do nome, muito menos as razões para aquilo. 

A lista completa foi entregue ao Bombardelli, que a repassou a secretaria para passar a limpo. Neste caminho sumiu o meu nome? Porquê? Fiquei dando tempo para que queimassem o cérebro. A única pessoa ali, que poderia salvar ou encerrar as atividades era EU. Se, aceitasse voltar a lista novamente, tudo estaria certo, mas, se por orgulho,mágoa,raiva, ou vingança não aceitasse iríamos para a Assembleia para deliberar sobre o item 2, ou seja fechar a entidade. Passei por cima de tudo, do desaforo,da trairagem,da traição para com a um amigo e completei a lista com meu nome. Graças a isto, a USAPEN elegeu nova diretoria,sobreviveu por mais dois anos. Assim mesmo fui alvo de críticas por parte do atual presidente alegando que a diretoria anterior (ele fazia parte como vice)não havia feito nada e que agora a coisa iria mudar. Quer dizer, tudo o que foi feito, e ele ajudou muito, não valeu de nada.
                                         Continua.....

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