quinta-feira, 2 de maio de 2013


Nego Ramão
Tenho notado nas redes sociais, alguns comentários sobre pessoas, figuras folclóricas desta cidade. Humildes, cada um com seu jeito pessoal, suas doenças, seus cacoetes. Eles, de certa forma, fazem parte da historia deste município. Afinal, Sapucaia do Sul não é somente este vertedouro de escândalos políticos, de vereadores que criam leis, mas, não as cumprem. Cada um destes personagens a seu modo tem uma historia, é são estas historias que passarei a contar em alguns capítulos. Talvez um dos mais antigos e que poucas pessoas conheceram ou ouviram falar foi o Nego Ramão, e aqui abro um parêntese, Nego Ramão era o apelido pelo qual sempre foi conhecido, e como gostava de ser chamado, então, aqui não tem nada de ofensa muito menos racismo. Ele era alto, forte, bom de briga, vivia quase sempre embriagado, costumava passar o dia inteiro ali, no bar que existia em frente a praça General Freitas. Enchia a cara e depois sentava num banquinho, a frente do bar na calçada a dizer piadinhas para as mocinhas da época. Mas suas investidas ficavam só nas piadas,nunca fiquei sabendo de algum fato mais atrevido, ou mais ofensivo. O Ramão quando bêbado voltava a ser criança. Tinha um andar gingado, balançando os braços, quase sempre descalço, sem camisa, e barba rala. Certa feita, ali, bem em frente a praça. Uma senhora não gostou das piadas que o Nego Ramão lhe dirigiu. Chamou a Brigada, vieram dois policiais militares, e pensando que ele estava bêbado como de costume, foram logo metendo a mão, no ombro dele. O Ramão deu um pulo para traz e disse; não toquem em mim, por favor, não encostem a mão em mim. Aquilo, como agora, soou nos ouvidos das autoridades como desacato, e resolveram parti para cima do coitado. Nego Ramão com apenas um velho cabo de vassoura, driblava os milicos, a cada investida dos brigadianos, ele bramia aquele cabo de vassoura e eles se esparramavam no chão, e o negão dava gargalhadas. Vieram mais dois reforços, e a surra continuou, ele parecia divertir-se com aquilo, a cada bordoada dos policiais ele derrubava mais um. Naquele tempo o cassetete dos Brigadianos era de madeira de lei, e foi com uma pancada na cabeça, que derrubou de vez o Ramão. Depois de abatido a pancadaria continuou, parecia estarem vingando-se do fiasco sofrido. Depois daquele episódio o Ramão nunca mais foi o mesmo, os pulmões, talvez afetados pelas pancadas, foram secando, a tosse cada vez mais forte, a bebida, a falta de tratamento, tudo aquilo fez com que Nego Ramão fosse definhando aos poucos. A última notícia dele, é que há muitos anos,foi internado e morreu no pavilhão Pereira Filho da Santa Casa.

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