sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Tio Véio


O Tio Veio

Numa destas tardes quentes, mormacentas ele apareceu no meu portão, bateu palmas e disse que “nois tinha que bater uma trela”.As coisas na casa do tio veio não deveriam estar numa boa para ele sair e procurar alguém para conversar. Com suas tradicionais bombachas de listras pretas camisa branca de manga arregaçada e pisando manso do alto de suas velhas e surradas alpargatas o Tio Véio foi se chegando. Acertei, era problema, e dos grandes era um nó tão cego que nem feitiço de encruzilhada era capaz de resolver. Pois não é que o vivente resolvera dar umas voltas pela capital e foi inventar de caminhar logo ali, na Voluntários da Pátria, ali naquela rua cheia de mulheres da vida fácil e dos homens vestido de mulheres, conforme me disse. Pois ia ele de mansinho, como quem não quer nada, quando de repente uma daquelas moças gentis que passeiam por lá, deu um beliscão na bunda dele e com jeito matreiro perguntou:- E daí tio, vamos fazer um nenê? Índio vivido, cheio das manhas olhou meio que de revesgueio pra moça e respondeu que aquilo já não era mais com ele, porque a idade não permitia, e coisas tais. Então a rapariga segurou forte no braço dele e disse que idade não era problema, ela tinha lá seus truques.
E foi meio de arrasto que o Tio Veio subiu pro quarto e de repente lá estava ele só de cuecas recostado na cabeceira da cama, enquanto a moça de trajes minúsculos tentava encaixar o preservativo no vivente, resignado fechou os olhos e relaxou. Quando acordou, estava sozinho ainda pelado e da mocinha gentil não tinha nem rastro.Quando foi colocar a bombachas viu os bolsos revirados, e os trinta pilas bem com o passe livre de idoso já tinham tomado chá de sumiço. Com a ajuda de um brigadiano, conseguiu, uma carona para voltar para Sapucaia, chegou em casa era noite a patroa já estava acomodada, e ele se ajeitou da melhor maneira que pode sem acordá-la para evitar explicações. Lá pela madrugada, bateu a mijadeira e lá se foi ao banheiro para descarregar a bexiga, mas, por mais que insistisse o líquido não saia e ao mesmo tempo em que um peso começava a incomodar nas virilhas enquanto um volume estranho surgia no meio das pernas. Voltou pra cama, preocupado. As horas passavam, o volume aumentava, ele urinava e não via nada escorrer nem molhar, resolveu chamar a patroa:- Veia, to com problema. A mulher sonolenta encara o velho com um ar de desconfiança: - Que problema? Ele agarra a mão da mulher e direciona para aquela bola que não parava de aumentar, ela se apavora:- Virgem do céu homem tu ta com uma rendidura, o que é que tu andaste fazendo? O vivente então foi obrigado a tirar o cuecão, depois a cueca e ai então entender o motivo do problema: O preservativo havia sido amarrado para não soltar, e na pressa a moça não fez nem questão de liberar a ferramenta, então foi só o trabalho de furá-lo e se aliviar. Agora queria um cantinho, até passar a raiva da mulher, que até benzeu a tal da rendidura.

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