segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O amigo secreto.
Quem, dentre vos não passou por uma destas festinhas corriqueiras, seja em família,seja no trabalho, onde cada um escolhe um amigo secreto? Todos nos já enfrentamos alguma vez este tipo de desafio, sim, um desafio, vejam bem; eu tenho que escolher muitas vezes entre meus parentes aquele que para mim é um amigo secreto, pode existir coisa mais tosca? Pela simples lógica, se é realmente meu amigo, não é secreto, pois de que vale um amigo secreto? Quero um amigo para compartilhar comigo coisas boas e más, conversar, me ouvir. Se nãofor para isto de que me serve raios um amigo secreto. Certa feita, ainda era funcionário da CEEE, no escritório aqui em Sapucaia. Era final de ano, e como sempre lá veio o convite para realizarmos o tal “amigo secreto”. Devo confessar que nunca gostei deste negócio. Acho uma coisa totalmente sem a mínima graça. Às vezes, a gente passa o ano todo sendo humilhado, destratado, esquecido, ignorado pelos colegas de serviço, ou então servindo de motivos para cochichos escondidos por detrás dos biombos. Sabe, aquele colega que está sempre pronto para achar um erro, corrigir uma falha, sempre de prontidão para pisar em cima, elevar-se subindo nas costas dos outros. Serviço, aliás, de verdadeiros “inimigos secretos”, mas, chega o final do ano, sabem como é fala mais alto sentimento de perdão, e os tais “inimigos”  se transformam, como num passe de mágica em amigos secretos.Bem, voltemos a festa no escritório. Os nomes, todos foram colocados dentro de uma caixa, e cada um a sua vez embaralhava os papéis e sacava o seu. Sorrisos, piadinhas, cada um examinando o seu escolhido, mas, sem revelar. Eu, como bom funcionário, para não destoar do conjunto também meti a mão na caixa e saquei o nome, ficou difícil não perceber o meu riso amarelo na hora que li o nome do meu escolhido, era um dos chefetes, o cara com quem eu nunca havia sequer conversado, o cara era de uma ignorância a toda a prova, e agora caia logo pra mim, declarar a ele que eu era um “amigo” , tudo bem, até poderia considerá-lo um amigo, mas, por favor ainda vou ter que comprar um presentinho, apertar a mão. Meu primeiro impulso foi o de trocar, mas engoli em seco, até porque o valor estipulado era de vinte reais, eu não podia admitir que teria que comprar algo,para alguém de quem eu não ia nem pouco com a cara, e ainda vinte pilas? Meu presente para ele, foi um cinzeiro ( o cara não fumava). Ele abriu, olhou na minha cara com um ar de incredulidade e logo expliquei; Olha, nunca conversamos, nunca fui até a tua sala, pensei que fumavas. Naquele momento ele descobriu o seu verdadeiro inimigo secreto.  

Nenhum comentário: