quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Paraíso


O texto colocado ontem no Blog Maresias despertou os brios de alguns Sapucaienses, os quais parecem não concordar quando afirmo, e reafirmo que nossa pacata cidade estagnou, parou. Mas, sou democrático, Aceito opiniões, só que eu gostaria que outras pessoas também escrevessem e apontassem, quais, a seu juízo são os progressos que eles veem.As vezes, um lugar pode até parar no tempo, desde que sua gente,seu povo se sinta seguro,feliz,tranquilo. É por isto que convido a você,participar comigo de uma volta ao passado, quero que conheçam comigo um lugar simples,acolhedor, um verdadeiro paraíso. Os parente de minha mãe, eram todos de Santa Catarina,eram gaúchos, mas que por interesses de trabalho,mudaram-se para um lugar chamado Paraíso. O nome é fictício, pelo fato deste local pertencer a uma grande indústria, e como não sei se permitem divulgação então vamos chamar de Paraíso. Esta cidade fica aproximadamente a sessenta Km de Joaçaba. É uma vila de operários e trabalhadores de uma grande indústria. Encravada no meio de uma mata nativa de araucária , agora também de Pinus. O local tem poucas ruas, uma rua central, espécie de eixo, que vai desde a entrada da cidade até o portão da fábrica. Ao lado desta estrada ficam as casas dos trabalhadores, todas casas grandes espaçosas feitas de madeira,com porões, e enormes varandas.A rua é muito movimentada, por ela diariamente passam pesados caminhões madeireiros, trazendo toras enormes retiradas das matas. Todas as casas têm luz e água gratuitamente fornecidas pela empresa. A luz vem de uma central hidroelétrica, que abastece a fábrica e a água vêm canalizadas de vertentes no topo da serra, corre abundantemente límpida e cristalina. Todas as casas tem fogão a lenha, esta é descarregada gratuitamente em frente ao portão, pelos caminhões, uma vez que o inverno naquelas bandas é rigoroso. Vamos abrir uma brecha, para descrever a cozinha de uma destas casas. Elas são amplas, com armários, e prateleiras todas feitas na marcenaria da fábrica, o fogão é estrategicamente colocado junto a um dos cantos do cômodo, mas, permitindo um vão entre ele e as paredes de mais ou menos um metro e meio, de maneira que permita a colocação de um banco, para que as pessoas se acomodem junto ao calor do fogo. O cano do fogão, ao invés de sair pela lateral da casa,sobe pelo interior, servindo desta maneira como um grande aquecedor para o ambiente. Os bancos, ali colocados, são revestidos com pelegos, e acolchoados. No rigor do inverno é costume, substituir as cortinas internas, por pesados cobertores, que praticamente lacram aquele local. Em Paraíso não existe diferença nas moradias entre ricos (engenheiros, arquitetos, sócios ,contabilistas)e pobres.Todos compartilham do mesmo modo de vida, frequentam o mesmo clube,a mesma igreja,o mesmo salão de festas o cinema,a praça de futebol de salão, o local de compras, tudo. Na cidade há apenas um hotel, simples, ma, confortável serve para acolher os visitantes, vendedores e representantes comerciais. Existem ainda o cinema, o Clube,a igreja, a praça de esportes, um pequeno hospital bem equipado, e com ambulância preparada para remoções. E uma espécie de praia, uma parte do alagado formado para abastecer as turbinas de central hidroelétrica que foi adaptado, para servir de área de lazer, tem ainda o “empório” um tipo de Macro atacado, onde se encontra de tudo, desde roupas até eletrodomésticos. Uma coisa que é comum em todas as residências é o impecável estado de brilho dos assoalhos. Como tudo é feito de madeira de primeira, os assoalhos são conservados, lustrosos, e até nisto a empresa está presente, pois ela fornece a cera em latas , bem como uma rústica enceradeira. Eles pegam uma pequena caixa de madeira, fixam-na sobre uma base de feltro grosso, adaptam um cabo, e com esta rudimentar ferramenta as pessoas fazem o lustro dos assoalhos. Em Paraíso, os carnavais em nada ficam devendo para os grandes bailes da região. Três ou quatro meses antes, os foliões são convidados para ensaiar os blocos, tanto para animarem as festas locais como para se apresentarem nas cidades vizinhas. Apenas a pesca é permitida, a caça é totalmente proibida, isto faz com que bando de macacos, e aves como araras, papagaios, sempre apareçam rondando as casas. As pessoas, todas se conhecem, e quando acontece de algum novo empregado ser admitido, tanto ele como sua família é apresentado no Clube aos demais moradores em sinal de boas vindas. Isto que estou narrando era a vida em meados de 1962, e tenho notícias de que até agora muito pouca coisa mudou. A infraestrutura da cidade é toda por conta da empresa, já que se trata de uma propriedade particular, ou seja, não tem prefeito, vereador, corrupção, negociatas,os habitantes estão totalmente livres deste câncer. Descrevi este local que não é cidade cenográfica, muito menos coisa de novela, mas, realidade, para mostrar que nem sempre a vinda de modernismos é o fator preponderante para a felicidade dos moradores de uma cidade. Às vezes, a simplicidade aliada a boa conservação de ruas, avenidas, infraestrutura, segurança, e saúde é tudo o que uma comunidade espera para ter uma vida melhor.O que ninguém mais aguenta, na verdade, é pagar uma carga tributária tão grande e viver uma vida inteira mendigando por favores,que na verdade são obrigações, deveres, direitos sonegados.

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