quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Da série personagens.



Da série Personagens.
Gastão 
Quando fui admitido na CEEE( por concurso) comecei fazendo o trabalho de balcão, fazendo ordens de serviço para cortes,ligações, enfim todas aquelas tarefas atinentes ao Atendente Comercial. Tínhamos muito contato com o público e na época haviam os eletricistas credenciados pela CEEE. Eram pessoas que passavam por treinamentos ficando assim habilitados a realizarem as tarefas básicas tais como a instalação de poste, ramais,caixa de medidores, tudo de acordo com as normas e padrões da companhia. Eram muitos, alguns, bons profissionais outros nem tanto, haviam aqueles que tinham até pinta de engenheiros, bem trajados,carro bom, ferramentas sempre novas, bons de conversa. Mas, havia um em particular que era o suprassumo da desorganização, enrolava, tapeava e seguidamente era procurado lá no balcão da empresa para reclamações pelos consumidores. 


Era o Gastão. Tipo bonachão, sempre rindo de alguma coisa, costumava levar na flauta as queixas contra o seu serviço. Fazia,errava,voltava a fazer, assim levava a vida. O Gastão vivia junto ao balcão, ou pelo pátio a espera de clientes. Agora vamos dar uma peque pausa. Vamos acrescentar algo que vai ajudar a elucidar o texto. Na época de verão, costuma existir ali debaixo do viaduto da Prefeitura uma grande tenda de melancias. Eram realmente frutas boas, grandes, baratas. Na época o chefe do setor técnico era o Marcão, era ele quem dava conselhos de vez em quando ao Gastão. Certo dia o Marcão me chamou lá na parte técnica.: Jaí, descobri que o Gastão é louco por melancias, e quero pregar uma peça nele, preciso da tua ajuda.- Sem problemas Marco, fala. 



-Vamos fazer o seguinte, vou inventar que aquela tenda de Melancia é nossa em sociedade, quando ele falar novamente que quer comer melancias vou dizer para que te procure, que só quem pode doar alguma coisa ali é tu, que de minha parte tá tudo certo, mas ele tem que dar algum bilhete, senão o cara que está lá (vendedor)não vai atende-lo. Dito e feito. Uma tarde estou no balcão com meu amigo Orestes Feltrin (todo o mundo pensava que era meu irmão gêmeo) quando o Gastão chegou, todo cheio de pose,sorriso largo, ensopado de suor,chegou sentou-se a minha frente e falou: olha falei com o Marção, ele dissse que tu poderias me dar umas melancias, lá da tenda de vocês. – Pô, Gastão, tu já tinha que abrir o bico cara? Não era para espalhar. Agora todo mundo vai deitar e rolar.Mas faz o seguinte vou te dar um bilhetinho,(Ao vendedor de melancias; Solicito seja entregue ao portador duas melancias grandes.A conta devera´ser paga por nós, os proprietários.) tu chega lá, escolhe as melancias,separa e depois entrega o bilhete para o cara, aquele barbudo mal encarado, mas por favos cara não espalhe. – Não seu Jaí, fica frio. Pegou o bilhete e saiu. No outro dia pela manhã,lá estava o Gastão esperando por mim e o Marcos, cara fechada,sério o homem estava bufando de raiva. –

Daí Gastão, tudo na boa? – PQP, sacanagem hein cara? – Ué o que foi? – Puta merda quase apanhei do cara.levei um corridão para não apanhar de relho. Eu cheguei lá, escolhi duas baitas melancias, entreguei o bilhete e já estava de saída quando o cara me agarrou pelo braço, e pergunto; - Hei veio, onde pensa que vai sem pagar? – Ué vou pra casa, teu chefe me autorizou, arigó. Meu chefe? Quem? – Olha o bilhetinho, o Seu Jaí e o seu Marcão lá da CEEE. Então manda eles pagarem, daí tu levas, esta tenda é minha,não tenho sociedade nem com Jaí, muito menos com Marcão, nem sei quem são estes caras. – Tu vai te complicar cara, vou lá e venho com um deles, tu pode te considerar na rua, abobado. Daí lasquei correndo, o cara queria bater o meu brim. Sacanagem de vocês dois.


Naquela tarde fui com o Gastão até a tenda e expliquei ao dono o acontecido, pedi a ele que desse duas melancias para o Gastão por conta da nossa palhaçada, o cara me olhou – Mas tu vais pagar Né? Não, não vou pagar nada e tu vai ficar de bico calado senão este teu “gato” no poste vai te dar dor de cabeça, entendeu? O cara engoliu em seco, e concordou, disse que era um brinde, ao Gastão.



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