quarta-feira, 7 de novembro de 2012


O tesouro dos três coqueiros.
Bem ali onde se situa o reservatório de água da Prefeitura de Sapucaia, havia antigamente três coqueiros. Estavam simetricamente dispostos em forma de triângulo, no centro um pequeno buraco com mais ou menos trinta centímetros de diâmetro. Antes de continuar, vamos dar um pequeno esclarecimento; o desnível que existia ali naquela lombada a qual estou me referindo neste textos era bem mais acentuada. Tanto é que para a abertura da Avenida Castro Alves as máquinas retiraram uma base de seis a sete metros de terra quando no serviço de terraplanagem. Toda esta terra que saiu dali foi, digamos empurrada para traz no sentido da BR 116, uma zona que era bem mais baixa.Da mesma forma, toda aquela área onde hoje se situa a prefeitura foi rebaixada, ficando, logicamente um desnível bem diferente do que realmente era. 
Mas,  no tempo em que brincávamos ali a única coisa que ligava o topo da lomba com as casas (algumas poucas)) que existiam eram, caminhos semelhantes a trilho de formigueiros. Num destes terrenos, a margem esquerda, no sentido da BR, do que hoje é a Av. Castro Alves, morava um casal de portugueses já velhos o seu Manoel e a D. Catorina. Estes eram os caseiros que cuidavam da chácara para a qual nos mudamos, e, foi Seu Manoel que repassou a historia que passo a narrar. Junto aqueles três coqueiros “lá no alto” , todas as noites vem um homem todo de branco, e com uma pá parece estar a escolher o lugar ideal para cavar. Mas, pela manhã, vou até o local e não existe nenhum vestígio de que alguém tenha cavado o local.Uma dias destes estava eu aqui a cuidar de minhas galinhas, quando um senhor de cor, um preto velho me chamou lá em cima do barranco. 
Fui ver o que queria então ele falou:  - Eu sei que você esta a me espiar todas as noites quando venho a procura do meu dinheiro. Tudo o que ali está enterrado me pertence, a ninguém mais é permitido botar as mãos, muito menos os olhos sobre meu dinheiro. Amaldiçoado seja quem o fizer. Eu não sabia o que dizer, nunca tinha visto aquela pessoa por ali,muito menos sabia que era ele que andava a noite a procurar dinheiro. Comentei o caso com algumas pessoas da vizinhança e, daquele dia em diante sempre aparecia alguém com uma pá ou enxada e fazia escavações. Alguns diziam ter encontrado algumas moedas antigas, de cobre, ou bronze. A verdade é que no centro dos três coqueiros, ninguém podia cavar, pás, picaretas e enxadas pareciam pesar toneladas, e a terra parecia rocha, era impossível cavar naquele local. Bem, esta é a historia que o seu Manoel me contou, quando ainda eu era guri. Porém ninguém conseguia tirar da cabeça de que ali tão perto poderia haver um tesouro enterrado. 
Nesta mesma época havia bem próximo a nossa casa um armazém, pouco sortido, mas, que servia de quebra galho, e cujo dono sempre nos desafiava: - E daí gurizada vamos desenterrar o tesouro? Olha, quem quiser ir junto é só pegar a pá e me acompanhar, nunca ninguém aceitou o tal convite. Este homem que vamos chamar de Tenório (nome fictício pois seus herdeiros ainda vivem) não tinha posses, vivia das vendas de seu armazém, muito poucas coisas. Uma manhã, um alvoroço na vila. Haviam escavado uma grande cratera nos centro dos três coqueiros. O buraco antes de trinta centímetros de diâmetro agora era de mais de dois metros e quase quatro de profundidade. Nunca se ouviu falara de alguém que tivesse visto ou escutado alguma coisa durante a madrugada. Estranha e curiosamente, uma semana depois seu Tenório vendeu o seu bar, mudou-se para o outro lado dos trilhos, num terreno enorme que havia comprado.
Bem, se era ou não verdade que havia dinheiro enterrado, se o tal preto velho que seu Manoel via seguidamente procurando algo por ali existiu realmente nunca se pode comprovar, mas existe um fato que até hoje intriga aos que conheceram a historia. A esposa do seu Tenório morreu de câncer, e ele também. Coincidencia? Casualidade? Verdade? Mentiras? Seja o que for os tres coqueiros permaneceram a beira daquela cratera até o dia em que as máquinas os derrubaram, para a construção do novo prédio da prefeitura. 
Para encerrar, a construção da nova Sede foi obra do Walmir Martins, e como ele morreu? Como dizia  minha avó: Mistéeeeeeerios. Será que a praga vai atingir o Ballin? Mistéeeeeerio.

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