Sapucaia era assim.
Se tivéssemos, antigamente, as facilidades que temos hoje para registrarmos em imagens, o nosso cotidiano com certeza muita gente ficaria impressionada como eram alguns pontos de nossa cidade. Assim que nos mudamos para Sapucaia, este espaço onde se situa a Prefeitura, tanto o prédio novo quanto a antiga sede era muito pouco povoado. No local havia uma grande lomba, uma elevação que começava junto a Rua Sete de Setembro, paralela aos trilhos da viação férrea e subia em direção onde hoje se situa a confluência da Rua Barão do Rio Branco com a Rua D.Inês. Na verdade o traçado da Rua Barão do Rio Branco vinha somente até onde encontrava-se com a Rua D. Inês.
Daquele ponto até a Rua Sete de Setembro era apenas um trilho aberto pela passagem das pessoas que usavam-no para chegar até a passagem que havia junto aos trilhos do trem e assim terem acesso a parada dos ônibus da Central. Naquele tempo todo o percurso do trem era cercado para evitar acidentes com animais nos trilho. Havia ainda uma passagem para carros bem na direção de onde desemboca a Avenida Castro Alves. Mas,existe um episódio muito engraçado o qual jamais esqueci, e repasso a todos aqueles mais novos que talvez nunca tenham tido ideia de que isto acontecesse na cidade.A gurizada da época,era unida, tanto os do lado de lá dos trilhos, como eram chamados, relacionavam-se muitíssimo bem com os do lado de cá.
Assim que de vez em quando a gente se reunia para uma disputa de regatas naquela lombada enorme que existia ali junto a Rua Sete de Setembro. As regatas nada mais eram do que duas travessas de madeira, bem aplainadas (com cacos de vidro) para que ficassem bem lisinhas. Depois de prontas as travessas, eram pregadas sobre elas uma tábua para servir de assento e outra para que se firmassem os pés. A brincadeira consistia em situar a regata, bem no topo da lomba e depois com um empurrão (impulso) ela deslizava até junto a beira da rua.Principalmente quando a grama estava molhada depois de uma chuvarada. A engenhoca costumava pegar uma velocidade bem acentuada, pois com o uso frequente e o deslizamento constante com peso as bases das regatas iam ficando cada vez mais apropriadas para os embates. Mas,tinha um porém. Antes de chegar a beira da rua havia um lagoa, formada pelas águas da chuva.
Não era profunda, ela estaria situada hoje, para fins de identificar o local ,onde se situa o pé da passarela, junto aqueles banheiros públicos. Estava, portanto no caminho das regatas, e manobrar uma regata não era coisa para principiantes, era preciso um jogo de corpo para tentar desviar da lagoa. Mas, isto era algo que não contávamos para os visitantes, e como era gostoso ver alguns “filinhos de papai” virem para as disputas todos arrumadinhos, bonitinhos e de repente sem mais nem menos se estatelarem dentro das águas sujas da lagoa. Ninguém brigava, ninguém zoava, não havia provocação, uns ajudavam os outros. Quando o brinquedo de alguém quebrava, sempre havia uma “equipe” devidamente preparada para dar os ajustes e fazer os consertos necessários.
Eram outros tempos, outras maneiras de se relacionar, não havia tantas disputas por “poderes” não havia melhores, nem piores éramos praticamente todos das mesmas condições sociais. Alguns com brinquedos mais sofisticados, mais modernos, mas, no final todos se acertavam mesmo com um festival de roupas sujas de barro, e alguns arranhões nos joelhos, por contas dos acidentes.
Amanhã quero contar sobre um local onde habitava uma cobra gigante, que comia cães, gatos, e,..pasmem até gente.
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