Façamos uma reflexão.

O mês de agosto é um mês muito especial para a nossa cidade. Comemoramos a emancipação política, o início de vida própria, de caminhar com suas próprias pernas deste pedaço de chão. São passados cinquenta e dois anos desde que a humilde  e pacata Guianuba, sétimo distrito de São Leopoldo foi declarada livre do jugo político da cidade mãe.Quero apenas voltar no  tempo, no ano de 1954 quando aqui cheguei, um garoto então com 12 anos de idade. A cidade que encontrei era praticamente um rascunho de cidade, comercio pequeno, poucas ruas,muita poeira, grandes áreas a descoberto, muitas chácaras,um rio limpo, onde podia-se pescar todos os tipos de peixes , onde apenas um policial militar,o seu João, era quem fazia o patrulhamento, caminhando pelas ruas, cumprimentando um e outro na maior das calmarias. Uma cidade tranquila cujos índices de criminalidade batiam em três homicídio por ano, isto mesmo, três homicídio num período de trezentos e sessenta e cinco dias.Assim mesmo motivados por bebedeiras.A Sapucaia de então onde os passatempos eram o antigo cinema do Barcelinho (onde hoje ainda existe o Bar abrigo em frente a praça) o Clube Sete de Setembro(espaço onde hoje é a rua coberta) o Salão Estrela do Sul (do seu Estevão Vargas) onde mais tarde se fixou o Clube Comercial, ou então namorar na Estação da Viação Férrea (onde é estação do Trensurb). Em poucas pinceladas, esta era a Guianuba (nome que inclusive constava nos mapas da Viação Férrea) onde a gente podia sair a noite sem ser importunado por vagabundos, onde não havia drogados em cada esquina, uma cidade verdadeiramente interiorana,sem hotéis,sem museus,com um transporte público medíocre,onde apenas uma empresa operava (CENTRAL) uma praça central sem atrativos nenhum,apenas uma grande e majestosa figueira que foi alvo de alguns bêbados da época.Mas, a cidade vivia engasgada,não tínhamos nada de infraestrutura,os vereadores eleitos pelo então sétimo distrito não tinham poder de barganha nenhum até porque quem mandava nas finanças do município eram os donos de curtumes (Vaccki). Estes situados junto ao leito da “Faixa Federal”, pela arrecadação de imposto para com a sede, tinham todos os serviços prontamente executados no bairro, porém, fora dali era tudo muito difícil. O simples ato do patrolamento de uma rua exigia muita conversa com os prefeitos de São Leopoldo, muitas das vezes por interferência do operador da patrola que era morador da cidade (Toquinho) o serviço era executado. Mas foi tudo isto que acabou por decretar o nosso grito de independência. Nós queríamos mais atenção, mais serviços, mais comércio, ruas asfaltadas, o povo queria respirar. Veio a emancipação. Viramos cidade, e já faz cinquenta e dois anos. Agora vamos voltar ao presente; eu pergunto a cada um de vocês que estão lendo este texto; será que temos realmente algo a comemorar passado todos estes anos de administração com gente de casa? Reflitam, a praça continua mesma, feia,sem atrativos,suja,que mais serve de passarela para travecos, drogados,prostitutas e vagabundos. As ruas continuam sujas, abandonadas ao léu, continuamos uma cidade sem um hotel, sem prédios históricos, não temos um teatro, não temos sequer uma orquestra municipal, uma banda,nada.Agora, há pouso    dias se consolida um movimento para recuperar, ou pelo menos manter viva a ideia de criarmos um museu.Puxa vida passaram-se mais de cinquenta anos e nós continuamos ainda atrelados as mesmas coisas da época de 1955. E, o pior vem agora, as pessoas nesta cidade não se deram conta de uma grande e triste praga que nos acompanha, e isto já foi tema no meu blog, somos até hoje governados, administrados por paleógnatas das eras glaciais.Desde a sua emancipação Sapucaia do Sul tem sido administrada por uma casta de políticos, ou seus descendentes, que vão passando para a suas corriolas o poder, sabe-se lá porque, aqueles mesmos que iniciaram lá nos idos de 1955 ainda hoje se perpetuam no poder, mandando, desmandando, ordenando, fazendo fortunas com o dinheiro público, e isto EUA acredito seriamente ser uma praga. Sapucaia do Sul tem tudo para ser uma cidade bonita, com atrativos, temos bonitas paisagens,temos locais pitorescos,temos um povo bom e trabalhador, mas, infelizmente passados cinquenta e dois anos ainda é obrigado a reverenciar verdadeiras múmias na administração de nossa cidade.Entra eleição, sai eleição e os mesmos, as mesmas caras,as mesmas mentiras,os mesmos palhaços a fazer graça contando sempre as velhas e surradas piadas e nos, com a ingenuidade e a lerdeza de uma lesma vamos rindo e aceitando como se realmente estivéssemos avançando.Até quando? Heim? Até quando.