sexta-feira, 31 de julho de 2009

Para descontrair.

Pra descontrair, afinal, nem tudo é desgraça.



Os Olhos do Bastião

Por um destes caprichos da natureza o Bastião podia ser considerado um fenômeno, apesar de um porte atlético nada invejável cabelos estilo escovinha com a pele vermelha cheia de sardas, sendo possuidor de todos estes predicados, havia alguma coisa no rosto do Sebastião que o tornava um espécime raro, eram os olhos, eu explico o cara tinha um olho verde e o outro preto.
Ninguém sabe ao certo de onde viera aquele sujeito magricela que tinha o dom de conversar horas com as pessoas sem tornar-se enjoado, coisa difícil hoje em dia, quando a gente se depara com alguns com uma cara que só de olhar já da vontade de fazer meia volta e ainda cruzar os dedos para não ser visto, mas com o Sebastião era diferente ele tinha mil predicados, entendia de todos os assuntos, dava conselhos, até ajudava na missa alem é claro daqueles olhos diferentes, estranhos.
Era casado, mas não tinha filhos era ele e a mulher Lindaura que, aliás, era mais um motivo da curiosidade na vila, alem de bonita era boa e o que todos queriam saber: O que será que ela vira naquele indivíduo feio ? Ora, “ são aqueles” zoios “ diziam as fofoqueiras.
A verdade é que um dia uma verdadeira bomba caiu na cidade o Sebastião havia tido um enfarto fulminante e morrera, estava se velando no salão que existia nos fundos da igreja, todos custaram a acreditar e foi àquela correria para confirmar e para se despedir daquele amigo muito esquisito é verdade, mas de um coração de ouro. As pessoas que chegavam dava de cara com um caixão preto sobre dois banquinhos e lá dentro todo empertigado num terno novinho em folha toda aquela figuraça, que parecia estar sorrindo, ou tirando sarro de alguma coisa que ainda iria acontecer.
Um amigo foi se chegando, já fungando botou o braço sobre a viúva gostosa esfregando o nariz na vasta cabeleira negra foi dizendo em meio a soluços: Não se desespere, tu não estas sozinha a gente vai ficar grudado nestes sentimentos funéreos , ato contínuo levantou bem devagarzinho o lenço que tapava o rosto do falecido e tinha até a intenção de dar um beijinho de despedida mas recuou e todos ouviram um- Cruzes- e saiu de fininho.
Em pouco tempo o motivo vinha a público o defunto estava com um olho bem arregalado, era justamente o olho preto. Foi uma confusão só a viúva teve que ser amparada e levada para fora, pois parecia que ia ter um treco, e não foram poucos que tentaram fechar o olho do Sebastião seja com reza, colocando moedas ,pingando colírio e teve até a ajuda sem resultados práticos ,do Mamedes um turco com fama de milagreiro, que se encheu do saco e disse que aquilo só podia ser obra do demônio ou coisa que o valha.
Por fim restou o caixão e o defunto lá no salão pois ninguém mais tinha coragem de enfrentar aquele olho preto escancarado, até que a viúva resolveu tentar dar um jeito a sua moda, entrou amparada pelas vizinhas e pediu para ficar a sós com o falecido debruçou-se sobre o esquife pareceu dar uma beijo , e em seguida pediu a todos que se aproximassem e incrível o olho estava fechado, em paz , mas o sorriso irônico continuava estampado na cara do Bastião, todos então acharam melhor rezar com a mão espalmada na direção do defunto até para reforçar o milagre e aquele olho não voltar a abrir até o sepultamento, menos a Lindaura que guardava um objeto redondo e lustroso preto como uma jabuticaba apertado em suas mãos. O olho de vidro do falecido esposo. 31/07/2009

Um comentário:

EDUARDO POISL disse...

A amizade é assim:
É sentir o carinho,
É ouvir o chamado.
É saber o momento
de ficar calado.
Amizade é somar
alegrias, dividir tristeza.
É respeitar o espaço,
silenciar o segredo.
È a certeza
da mão estentida.
A cumplicidade que
não se explica,
Apenas vive!

¨Olavio Roberto¨
Desejo um lindo final de semana
Abraços