terça-feira, 23 de agosto de 2011

Para refletir.


Eu Já volto pai..

A frase fez com que seu Alcides, abrisse um enorme sorriso afinal depois de tanto trabalho era mais do que justo emprestar a chave do carro para o filho dar umas voltinhas com os amigos, e estava um luxo, lataria brilhando tudo encerado com capricho pneus, estofamento, painel tudo parecia ter saído da fábrica naquele dia. No porta luvas uma coleção de Cds para o embalo, agora era só passar na casa da galera e gozar a vida. Recomendações nenhuma em especial até porque o rapaz tinha toda a documentação em dia e aparentemente era ajuizado.
As horas passaram e uma ponta de preocupação começou a incomodar, a princípio não falou nada para a mulher, mas à medida que o tempo passava e o filho não aparecia à ponta de preocupação se transformou numa agitação que mexeu com as estruturas, e o pior é que não tinham a mínima noção de com quem o filho havia saído, telefone recado nada e só restava aquela agonia da espera um nó que subia pela garganta e acabava num suspiro longo uma coisa muito ruim. Quando o telefone tocou foi seu Alcides quem se aproximou, a principio com receio tinha medo de ouvir a voz do outro lado da linha poderia ser o filho avisando onde estava poderia ser alguém dando noticias, mas a verdade é que aquele pequeno trajeto do fone até o ouvido pareceu uma eternidade e de repente tudo escureceu a sua volta.
Sedado o pai não acreditava no que via, aquele monte de ferros retorcidos aqueles corpos disformes colocados no acostamento da pista aquilo deveria ser um pesadelo, o filho havia saído com um carro limpo brilhando e aquele estava todo retorcido sujo com uma mistura de trapos sangue e óleo, aqueles homens remexendo nos cadáveres tentando ajeitar, recompor os corpos.Ouvia os comentários a sua volta falando em cento e quarenta por hora, que faziam zigue-zague na estrada e que só poderiam estar bêbados, aquilo que ali estava não lembrava em nada o menino que ele tanto acariciara aquele garotão brincalhão alegre e extrovertido para quem tudo era motivo de festa. O mundo desabou sobre a sua cabeça a vida perdeu o sentido. O nome é fictício, mas a historia é real e achei oportuno contá-la principalmente quando a imprensa divulga o saldo de mortos nos feriados. Quantos, foram aqueles que tiveram que enfrentar as mesmas cenas de horror pelas quais passou o seu Alcides? Porque morrem tantas pessoas justamente em feriadões quando teoricamente ninguém tem pressa? Será que existe uma maneira de transformar um irresponsável em uma pessoa responsável, será que uma pesada multa vai inibir alguém que se julga superior a ponto de podar, cortar, costurar de cara cheia?Dirigir é ter responsabilidade e para sermos responsáveis em primeiro lugar devemos respeitar e valorizar a nossa própria vida pense bem, para quem morre tudo acaba, mas para quem fica restam apenas lembranças..Eu já volto pai.

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