quinta-feira, 7 de junho de 2012


Não tenho nada...
 “....sinceramente, não posso entender como a minha cidade tenha se transformado nisto tudo, que escreves nos texto de teu blog.A princípio pensei que fosse algo pessoal, alguma coisa entre você e algumas pessoas da cidade. Mas, vejo que não é assim, pois acompanho também as notícias através do Facebook, e principalmente agora para CE que a coisa está tomando vulto. Aqui,onde vivo as pessoas por muito menos do que isto já estão nas ruas, gritando,exigindo mudanças de atitudes, chegando ao extremo de alguns radicalismos...” Este, pedaço de email, aqui transcritos pertencem a um amigo desde há muito radicado nos Estados Unidos vivendo atualmente em Atlanta.
Confesso que muito me intrigou o fato de que um cidadão, mesmo que sapucaiense, tomasse interesse por notícias daqui da cidade, muito mais ainda que as buscasse no meu modesto blog. Reconheço que chego a marca dos vinte e cinco mil acessos com um misto de orgulho, e alegria, pois para as pessoas que meã acompanham, entendem que noventa por cento dos textos e das mensagens dizem respeito aos problemas da minha cidade, bem como das atitudes desta cambada que a governa a quase meio século.Mas, se aos ausentes isto parece preocupar, os residentes, os responsáveis pelo pagamento de tributos, as autoridades, os órgãos oficiais, tanto a nível municipal,estadual e federal, vão tocando o barco da maneira como lhes convém.
Calcados na certeza da impunidade, do pouco caso, da alienação e do desinteresse, mentem, desviam, e enganam absolutamente convencidos de que o final da novela será o mesmo desde que este humilde sétimo distrito de São Leopoldo, resolveu virar cidade. O que me constrange, o que me revolta, o que me faz indignado é ver, é sentir, é comprovar a passividade com que a população encara e aceita toda esta onda de desaforos, de humilhações, de prevalecimentos sem tomar uma atitude mais drástica, sem que parta para uma ação mais efetiva junto aos órgãos responsáveis.
Existem mil denúncias, existem denunciantes para todos os fatos e desgovernos nas administrações, as pessoas encarregadas da fiscalização, ou se escondem, ou de vendem, ou ainda optam viver a vida assim como ela se apresenta. “ Se não me atinge não tenho nada com isto” , este parece ser o lema. Bombardeados pela mídia que deita e rola em verbas públicas, tem platéias que se satisfazem com as tirinhas, com as boas graças da primeira dama, com a secretaria que acolhe velhinhos e velhinhas, com mil bolsas,mil projetos, com as casas que começam com um orçamento de tanto mas que ao final triplicam estas verbas e tudo passa em branco. O importante é que tenho a casa própria. Sim, é verdade, mas será que a casa própria não poderia ter custado muito mais barato e ser de muito melhor qualidade?
Não podemos nos esquecer que o dinheiro para a construção destas moradias, ditas populares, saem exatamente do nosso bolso, são os depósitos do FGTS, que alimentam uma pequena parte desta cadeia. As maiores fatias destes depósitos escoam para canais bem diferentes daqueles por onde deveriam escoar. Agrada a população aplaudir os facínoras das verbas públicas, os deputados federais com suas emendas, com suas verbas sempre ajustadas de acordo com os interesses dos cabos eleitorais, governo, prefeitos e vereadores.
Parecem ter prazer em receber estas migalhas, esmoladas junto ao governo federal, esquecem que muitos destes milhões doados aos gabinetes parlamentares, que vão servir para remendar as cagadas e aos superfaturamentos de obras orçadas a um determinado preço e pagas com um valor bem acima do contratado. Pra que botar cimento, se barro faz o mesmo efeito?
Para que botar tijolos de primeira, se os refugos sairão pelo preço de primeira? Para que preocupar-se se o prédio vai rachar, vai ruir, vai fazer vítimas? Um laudo pode ser maquiado, trocado, comprado. E o mais triste de tudo isto, é que estamos totalmente conformados, não temos ação. Não queremos protestar, pelo simples fato de que eu não tenho nada a ver com isto.
      

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