sexta-feira, 1 de junho de 2012


A chácara.

Foi por volta de 1954, que nossa família mudou-se de São Leopoldo, para Sapucaia do Sul. Meu pai trabalhava em uma indústria de papel e papelão, e tinha uma irmã, de nome Lucia que cuidava de um casal de idosos que residiam ali na rua sete de setembro. Estes, eram sócio da antiga Casa Lú, tradicional estabelecimento de Porto Alegre. Seu Manoel, era caçador, em uma de suas caçadas, feriu-se no pé. Como era diabético, o ferimento foi aumentando e apesar de terem todos os recursos disponíveis faleceu.
A viúva ficou com minha tia de companhia. Resolvendo mudar-se para o apartamento que tinham em Porto Alegre fez o convite para meu pai que aceitou. Assim aos doze anos tornei-me mais um cidadão sapucaiense. A casa onde morávamos era muito pequena, eram quatro peças, e sequer possuía pátio, pois os fundos da casa davam direto para um banhado, porém um detalhe, águas limpas e cristalinas. A chegada a nova residência, foi uma festa. Era tudo tão grande tão bonito, um pomar com todos os tipos de frutas, uma galinheiro com mais de cem galinhas, uma horta e ainda com um cercado onde podia-se plantar, e já haviam muitas, flores das mais diversas qualidades.
Cada um de nós ganhou um quarto grande com roupas de cama e tudo o mais, a sala era composta por uma copa americana com sua parte superior envidraçada onde se podiam ver vários tipos de copos e tigelas. A casa era composta de quatro quartos, sala,sala de jantar,cozinha, com um grande fogão a lenha, dispensa,banheiro,uma área externa anexada ao corpo da casa com poço e toda decorada com folhagens, onde predominavam as samambaias gigantes que pendiam do teto.Havia ainda a área de serviço e a garagem.
Com a doença do proprietário o carro fora vendido e na garagem havia sido construído um fogão de tijolos. Ali ficavam todas as ferramentas para o cultivo, a limpeza e manutenção de toda a área. Eram o equivalente a doze terrenos. Salvo a parte já aproveitada, restava um bom espaço para plantar e semear o que se desejasse. Meu quarto, foi escolhido pela minha tia, gostava muito de mim, era o quarto dela, com uma cama de meio casal, e colchão todo de algodão. A janela dava para o jardim com flores. Os outros quartos ficavam no outro lado da casa e davam para a área de plantio.
Meu pai e meu irmão mais velho, trabalhavam o dia inteiro em São Leopoldo, minha mãe trabalhava no Colégio da praça( D. Sibila.)das 13 até as 18 horas. Eu e o menor (Luiz) ficávamos encarregados das lides da casa, bem como da capina e limpeza do pátio. Era uma época de fartura, comprávamos poças coisas, plantávamos de tudo, frutas e verduras meu pai não vendia doava, aos vizinhos e também ao colégio para a sopa dos alunos. Ao lado da casa, esticando-se até os fundos um grande parreiral. Na primavera gostava de olhar da janela do meu quarto e admirar aquele túnel verde, formado pela parreira e ao fim destas a sombra de quatro gigantescas pereiras.
Naquele tempo, nos jogos de futebol( no campo do Vera Cruz) eu e meu irmão enchíamos um carrinho de laranjas mandarinas, comum, bergamotas, peras, caqui, goiabas, e íamos fazer a nossa féria para as tardes de cinema de domingo. Várias, foram a vezes que tínhamos que voltar para abastecer o carrinho. A noite, todos reunidos em volta da mesa a diversão era ouvir as radio novelas, da rádio gaúcha e da farroupilha, ou então aos domingos o Grande rodeio Coringa.

...............segue...........


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