sexta-feira, 27 de julho de 2012

Velho Rio dos Sinos


Quero fazer algo diferente hoje.Em homenagem a todos aqueles que como eu conheceram o Rio do sinos, alguns inclusive  até hoje costumam retirar de suas águas o alimento "ribeirinhos". A política fica para a próxima semana.


- Hoje, não tem carne, fiquem aqui que vou pescar uns lambaris. Era assim que minha mãe falava quando no auge da necessidade buscava algo para ajudar na refeição diária. Ela então atravessava a rua, descia o pequeno barranco e ficava alguns minutos ali a beira do Rio dos Sinos, bem em frente a nossa casa. A isca podia ser apenas pequenas migalhas de pão amassado contra o minúsculo anzol, que no improviso podia ser feito até com um alfinete dobrado em forma de gancho. Ou, para uma pescaria mais aperfeiçoada podia-se usar uma minhoca, cavada no fundo do pátio junto ao monte de cisco, eram gordas, lustrosas, carne de primeira para os lambaris, pintados,brancas, acarás. 

E, realmente bastavam minutos ali a beira da água para se conseguir uma fieira de lambaris, grandes e brilhantes. O Rio dos Sinos tem uma importância muito grande na minha infância, e o conheci com sua água límpida, cristalina. Era costume de a criançada sentar a sua margem com a água pela cintura , brincando enquanto a mãe lavava a roupa, nos “lavadores” uma peça de madeira com travessas, e um lugar para que a lavadeira colocasse os joelhos, e assim abaixada tivesse mais facilmente acesso a água. Enquanto esperávamos a diversão era colecionar pequenos peixinhos em uma lata de azeite, para depois devolve-los ao rio novamente. Era possível visualiza-los a quase um metro de profundidade. 

A alegria era ainda maior quando ouvíamos o apito da “gasolina” do Seu Lair apitar na curva do rio. Ele era vizinho, e quase sempre vinha bem próximo a beira do rio, pois costumava parar junto a margem e entregar frutas e verduras que trazia das bandas de Triunfo, de Taquarí. Era gostoso, para nos crianças, sobretudo porque a onda produzida pela embarcação fazia um verdadeiro alvoroço com as lavadeiras que tinham que firmar-se sobre os lavadores, ou então retirá-los da águas para que as maresias não os colocasse água abaixo.Depois de lavadas era colocadas para secar em grandes estrados de madeira, feitos com mata juntas, ou taquaras nos fundos das residências, conhecidos também como coradouros ou “cuaradores”. 

Depois, as roupas passadas, devidamente engomadas, eram acondicionadas dentro de uma espécie de pacote , geralmente feito com uma toalha ou colcha velha .Que tempo bom,quantas lembranças boas, coisas simples, pobreza com dignidade.Hoje fico triste ao ver meu velho amigo Sinos, tratado com está, muitas das vezes com as vísceras a mostra, fruto do desrespeito e da ganância. As lavadeiras, já não podem mais chegar até suas margens, grandes paredes foram erguidas para substituir a mata degradada pela mão do homem. 

É o preço que se paga pelo modernismo. Preço que se paga pela falta de respeito para com a natureza, que tudo nos dá de graça, mas, que nós, seres humanos, insistimos em desrespeitar só para mostra nossa falta de conscienti

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